8º Congresso Nacional do Azeite reforça papel estratégico do setor oleícola português e aponta caminhos para o futuro

O Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL) levou a cabo, em parceria com a Câmara Municipal de Campo Maior, a 8.ª edição do Congresso Nacional do Azeite, no âmbito da Feira Nacional de Olivicultura. Com o Alto Patrocínio da Presidência da República, o evento reuniu mais de 200 profissionais e 30 especialistas nacionais e internacionais para debater os principais desafios e as oportunidades do setor, no ano em que a produção nacional ficou perto  das 200 mil toneladas e as exportações ultrapassaram os 1.5 mil milhões de euros, revelando a pujança de um setor cada vez mais pertinente na balança comercial portuguesa e que faz do nosso país o 6º maior produtor nacional de azeite do mundo e o 3º maior exportador da Europa. 

O Congresso, considerado o mais relevante fórum técnico e profissional do setor em Portugal, teve como principais temas:  Os Novos Desafios do Setor, ESG no Setor Olivícola/Oleícola; Identidade do Azeite Português: Marca & Origem; e O Caminho do Azeite na Alta Cozinha. A sessão de encerramento contou com a presença do Presidente da Câmara de Campo Maior e do Presidente da CAP.

painel congresso do azeite

Setor vive bom momento, mas ainda há desafios a vencer

Na sessão de abertura, Gonçalo Morais Tristão, Presidente do CEPAAL, para quem “a identidade do azeite português é essencial para nos impormos e triunfarmos no mercado mundial”, destacou a importância do Alentejo na produção nacional – responsável por 90% do azeite produzido em Portugal – e reafirmou o reconhecimento internacional do nosso país como maior produtor mundial de azeite de alta qualidade. Aquele responsável enfatizou, contudo, os desafios que persistem e aos quais é preciso atender, nomeadamente a valorização do azeite nacional de alta qualidade, a criação e dinamização de uma marca nacional chapéu, a sustentabilidade e a adaptação às novas exigências dos mercados num contexto fortemente pautado pela instabilidade e pela incerteza.

Azeite é estruturante a nível nacional e regional em Portugal

A sessão contou ainda com intervenções de Luís Rosinha, Presidente da Câmara de Campo Maior, e Roberto Grilo, Vice-Presidente da CCDR Alentejo, que sublinharam a relevância económica, cultural e social do azeite no contexto nacional e regional, apelando à inovação com sustentabilidade.

Luís Rosinha, Presidente da Câmara de Campo Maior, expressou o orgulho da autarquia em acolher o Congresso e a Feira Nacional de Olivicultura e declarou que “a oliveira molda a nossa paisagem, cultura, economia e sociedade”, reforçando a importância do azeite na vida e na economia do município de Campo Maior.

Já Roberto Grilo, Vice-Presidente da CCDR Alentejo, na sua intervenção abordou a necessidade de aliar tradição e inovação, e defendeu a urgência de assegurar a sustentabilidade ambiental e económica do setor. “É hora da responsabilidade coletiva e de fazer mais com menos”, afirmou, sublinhando o papel estruturante da olivicultura na coesão territorial e no desenvolvimento sustentável do Alentejo.

Olival é motor da modernização da agricultura portuguesa e Portugal pode vir a ser o 2º maior produtor europeu de azeite até 2030

Pedro Santos, Diretor-Geral da Consulai, deu início ao painel sobre os “Novos Desafios do Setor” com uma apresentação que deu a conhecer os dados mais recentes da produção mundial e nacional, destacando o crescimento significativo da última campanha e o papel estratégico do olival na transformação e modernização da agricultura nacional. Segundo aquele responsável, em 2024, Portugal registou um aumento de 10% na produção de azeite, aproximando-se das 200 mil toneladas, com exportações superiores a 1,5 mil milhões de euros, sem aumentar a área cultivada, um claro reflexo da eficiência e modernização do setor, que poderá catapultar Portugal o segundo maior produtor europeu até 2030, considerou.
 

Setor precisa equilibrar preços e valorização do azeite

Apesar do aumento global da produção — com destaque para Espanha (+66%) e Grécia (+36%) — os preços do azeite caíram para níveis de 2021-2022, o que pode ameaçar os modelos de produção tradicionais. Isso exige um novo equilíbrio entre preço e valorização do produto.

Valor, Competitividade, Organização e Adaptação, são os 4 grandes desafios do setor


Aquele orador identificou igualmente aqueles que são, em seu entender, os 4 grandes desafios do setor nos nossos dias: Valor, que passa por aposta reforçada na diferenciação  e olivoturismo; Competitividade, com foco na sustentabilidade e adaptação às normas europeias; Organização do setor com a AIFO como entidade-chave na promoção e financiamento, mas governo com papel decisivo para através da aprovação da extensão da norma garantir a efetividade da interprofissional e estimando-se que, uma vez em ação, o país terá capacidade para arrecadar cerca de 1 milhão de euros para investir na promoção da Marca Portugal; e Adaptação, incluindo resposta às alterações climáticas, digitalização e atração dos jovens.

A concluir, Santos referiu ainda que a estratégia “Água que Une”, com investimento até 9 mil milhões de euros, poderá expandir a área de regadio e beneficiar diretamente o olival, sendo essencial profissionalizar o setor e valorizar o meio rural.

Setor Oleícola Português: Valorização, Sustentabilidade e Organização Setorial

Seguiu-se um debate, moderado por José Diogo Albuquerque da Agroportal e onde participaram Henrique Herculano da Casa Relvas e membro recém-eleito da nova Direção da AIFO; Susana Sassetti da Olivum; Francisco Ataíde Pavão da APPITAD/CAP e membro recém-eleito da nova Direção da AIFO; Mariana Matos da Casa do Azeite; Teresa Pérez da Interprofissional del Aceite de Oliva Español; e Pedro Santos da Consulai.

Os oradores foram unânimes na convicção de que Portugal se encontra perante uma oportunidade estratégica para afirmar o seu azeite no panorama internacional e sublinharam a importância de criar e promover a marca “Portugal” para o azeite embalado, num esforço coletivo de diferenciação e valorização do produto nacional. Ao longo do debate ficou evidente a necessidade da aposta na organização do setor, na formação, na sustentabilidade, na promoção e na internacionalização do azeite português e neste contexto, a AIFO – Associação Interprofissional da Fileira Olivícola – foi destacada como a entidade com um papel central neste desígnio, à semelhança da sua congénere espanhola, que investe anualmente 8 milhões de euros na promoção da marca "Azeite de Espanha".  De resto, a experiência espanhola, apresentada durante o debate, reforçou a importância de uma atuação coordenada e estruturada para dinamizar os mercados internacionais e incentivar o consumo interno. Este exemplo revela o impacto positivo de uma interprofissional forte e ativa, também necessária em Portugal.

Segundo os oradores, Portugal vive hoje um novo ciclo de crescimento e transformação no setor oleícola, impulsionado por desafios estratégicos e novas oportunidades, onde importa controlar a volatilidade dos preços, sem perder de vista o objetivo da valorização do azeite português e capitalizando a evidência de que o consumidor valoriza este produto. Aspetos determinantes e objetivos prioritários para a afirmação de Portugal como referência mundial na produção de azeites de excelência.

Entre os temas abordados, destacou-se ainda a gestão estratégica de stocks entre campanhas como instrumento essencial para garantir a estabilidade da produção no setor e não como um instrumento de precificação.  Foi igualmente referida a pertinência da extensão da norma como um mecanismo crucial para o sucesso da interprofissional, permitindo a agregação eficaz das vertentes de produção, transformação e comercialização.

No decurso do debate foi igualmente salientada a notável modernização do setor português nos últimos anos e que levou a que atualmente: 98% do azeite produzido seja classificado como virgem ou virgem extra e três dos lagares mais avançados do mundo estão localizados em território nacional — sinais inequívocos da qualidade e da inovação que caracterizam o setor em Portugal. No entanto, os oradores alertaram para a urgência de proteger as variedades tradicionais de azeitona, ameaçadas pela intensificação do olival. A preservação da biodiversidade agrícola foi apontada como essencial para garantir a identidade e a sustentabilidade do azeite português.

A gastronomia foi igualmente apontada como um canal privilegiado para promover o azeite nacional, educar o consumidor e valorizar a diversidade e qualidade dos azeites produzidos em Portugal, tanto a nível interno como nos mercados externos. Por fim, foi sublinhada a importância da implementação da Estratégia Água que Une, como pilar da sustentabilidade do setor e contributo decisivo para a redução do défice agroalimentar nacional.

ESG: uma oportunidade estratégica para o setor olivícola

Assunção Cristas, Sócia da VdA e Professora da Nova School of Law, foi a keynote speaker do painel sobre ESG no setor olivícola. Enfatizando que a sustentabilidade é uma oportunidade de valorização e diferenciação, e não apenas um desafio, a keynote traçou a evolução do conceito ESG, destacando o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, bem como o forte compromisso da UE com iniciativas como o Pacto Ecológico Europeu.

Cristas apontou igualmente as três grandes tendências que norteiam atualmente a UE: simplificação legislativa, economia circular e mercados voluntários de carbono.

Exemplificando a circularidade no setor com a utilização de caroços de azeitona como energia e destacou o avanço de Portugal na certificação carbónica, a especialista defendeu que o setor agrícola deve ser parte da solução ambiental, promovendo a sustentabilidade como vantagem competitiva, com investimento em tecnologia, dados e parcerias e concluiu dizendo que, apesar de exigir esforço, a sustentabilidade traz um retorno significativo.

Agronegócio lidera sustentabilidade apesar de ainda não estar obrigado ao ESG

O painel de debate contou com a participação de Pedro Raposo, Chairman da PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG, Rute Xavier, Head of Business Consulting e Professora da Universidade Católica Portuguesa, Eládio Petro Gonçalves, COO da Caja Rural del Sur Portugal, Rita Nabeiro, Administradora do Grupo Nabeiro – Delta Cafés e CEO da Adega Mayor, e Assunção Cristas. A moderação ficou a cargo de Filipe Ravara, Natural Capital Manager da Dils Portugal.

Os oradores, que consideraram que o ESG pode ser uma oportunidade para valorizar o azeite português, abordaram a forma como os critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) estão já a ser integrados no financiamento e na operação de empresas, com destaque para o setor agroalimentar e oleícola em Portugal, sendo que os projetos que apresentam informação ESG e que demonstram estar alinhados com as boas práticas nesta área já estão a beneficiar de condições mais vantajosas. Ainda assim, o setor está preocupado com as assimetrias que existem atualmente no mercado sobre estas matérias a nível de regiões e países e que contribuem para retirar competitividade à Europa, e gostaria que a UE tomasse medidas para garantir que pelo menos no espaço europeu as condições são iguais para todos. 

Durante o debate foi também dado a conhecer o resultado de um estudo promovido pela Universidade Católica que revelou que o agronegócio lidera em sustentabilidade, por força da necessidade de gerir recursos naturais de forma eficiente. No entanto, e ainda assim, os oradores consideraram que as metas ESG devem ser realistas para poderem tornar-se uma realidade, sobretudo dada a complexidade da cadeia de valor agrícola. Um fator muito pertinente, porque atualmente apesar de não serem legalmente obrigadas, as PME já sofrem pressão indireta para adotar práticas ESG, pois grandes empresas exigem o cumprimento destes critérios aos seus fornecedores, pelo que não podem ficar de fora.  A exigência do consumidor por produtos sustentáveis torna esta preparação ainda mais crucial. No caso do setor oleícola, por exemplo, o ESG pode representar uma oportunidade de valorização, ao aliar a tradição à inovação tecnológica.

Por fim, os oradores destacaram a importância da transparência na comunicação das práticas de sustentabilidade, chamando a atenção para necessidade de garantir o equilíbrio, evitando fenómenos como o greenwashing (falsa sustentabilidade) ou o greenhushing (omissão de práticas sustentáveis por medo de críticas), e alertando para que, apesar do adiamento da entrada em vigor da diretiva europeia, o setor deve manter um trabalho ativo nestas matérias, antecipando-se ao mercado, reforçando a sua resiliência, credibilidade e salvaguardando a sua competitividade.

Marca Portugal é decisiva para valorizar o azeite nacional cujo ADN é a qualidade

O painel de debate subordinado ao tema “Identidade do Azeite Português: Marca & Origem” moderado por Ana Velez, CEO da VALKIRIAS Consultores contou com intervenções de Fernando do Rosário (AIFO/Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches), Nuno Santos (Sovena), João Teixeira (Fundação Eugénio de Almeida), José Duarte (Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos), Manuel Norte Santo (SICA) e Virgulino Neves (Portucale).

Os oradores sublinharam que o azeite português está num momento decisivo e precisa consolidar a sua identidade através da Marca Portugal, que deverá representar toda a produção nacional, afirmando-se como símbolo de qualidade, autenticidade e sabor. Neste contexto, torna-se prioritário reforçar a valorização do azeite engarrafado com identidade nacional. O embalamento e a rotulagem clara da origem portuguesa, à semelhança do que acontece com o setor vinícola, são passos fundamentais para afirmar a marca "Portugal" como um selo de origem reconhecido e valorizado nos mercados internos e internacionais.

A marca nacional deverá atuar como um “chapéu comum” para unificar a diversidade da produção e das variedades tradicionais portuguesas, facilitando a comunicação com os consumidores e reforçando a competitividade nos mercados internacionais. Um trabalho que deverá ser igualmente complementado com um esforço acrescido para aumentar a literacia no que diz respeito ao azeite, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Apesar do reconhecimento do valor das DOP e IGP sobretudo no que diz respeito ao olival tradicional, os intervenientes no painel alertaram para a eventual confusão que estas identificações poderão causar fora de Portugal. Nesse sentido, e reconhecendo também a necessidade de atualizar as regras das DOP porque foram criadas há mais de uma década e para um contexto de mercado muito diverso, os oradores consideraram que o foco no que diz respeito à identidade do azeite português deve estar em promover a qualidade como o verdadeiro ADN do nosso azeite, protegendo variedades autóctones e prosseguindo com a modernização da produção, até para fazer face à concorrência crescente de países como Espanha, Tunísia e Turquia.

A gastronomia portuguesa foi apontada como sendo uma embaixadora natural do azeite, essencial para valorizar o produto e superar a barreira do preço sobretudo nos contextos de grande volatilidade que temos vivido ultimamente, especialmente em mercados estratégicos como o Brasil, onde Portugal é líder. Uma posição que deverá agora defender mais fortemente.  Enquanto representantes do setor, os painelistas apelaram a que o Governo tenha um papel mais ativo na promoção da Marca Portugal, facilitando e apoiando uma estratégia de comunicação coordenada e constante, e viabilizando a missão da Interprofissional.

O potencial inexplorado do “mercado da saudade”, bem como a simplificação da comunicação e a necessidade de criar mais marcas nacionais e de reforçar a verticalização dos produtores para agregar valor e melhorar a competitividade, foram outros aspetos apontados pelos participantes no debate que consideraram que com uma visão unificada, Portugal pode tornar-se uma referência mundial em azeite de excelência.

Azeite português deve ser embaixador da alta cozinha nacional

Fernando Melo – crítico de vinhos e comida, bem como professor universitário – abriu o painel dedicado ao Caminho do Azeite na Alta Cozinha, destacando o papel essencial do azeite português na alta cozinha e no posicionamento internacional da gastronomia nacional.

Melo destacou a qualidade excecional do azeite português e apelou a uma comunicação mais eficaz para reforçar o seu valor nos mercados internacionais, preservando a identidade portuguesa. O orador sublinhou também o papel dos emigrantes na sua promoção global e os elementos diferenciadores como os nossos olivais centenários, as variedades autóctones e os métodos tradicionais, que a seu ver devem ser protegidos e fomentados. Abordando a evolução do uso das gorduras na culinária internacional, o Keynote prestou justa homenagem à amiga e mestra Maria de Lurdes Modesto e defendeu o regresso às cozinhas mediterrâneas que valorizam os ingredientes autênticos e se impõem pela sua diversidade e riqueza gastronómicas.

Há azeite na alta cozinha, mas é preciso estratégia de literacia também na gastronomia e que inclua “todos, todos, todos”

O azeite, elemento central da gastronomia portuguesa, esteve em destaque num painel de debate que reuniu algumas das vozes mais respeitadas da culinária nacional. Vítor Sobral (Tasca da Esquina), José Júlio Vintém (Tombalobos), Bertílio Gomes (Taberna Albricoque),
Gilberto Costa (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril) e Luís de Matos (Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre) participaram numa discussão enriquecedora, moderada pelo jornalista Edgardo Pacheco (Público), sobre a valorização e utilização do azeite na restauração. Os intervenientes referiram que é preciso assumir e trabalhar a nível nacional o compromisso de preservar e promover um dos maiores tesouros da nossa identidade culinária: o azeite.

Valorizar o Azeite é também um compromisso com a gastronomia portuguesa

Os oradores do debate defenderam que o azeite é muito mais do que um simples ingrediente da culinária portuguesa — é parte essencial da nossa identidade gastronómica, cultural e histórica. No entanto, apesar da sua importância, ainda é subvalorizado em muitos contextos da restauração, pelo que é urgente promover o seu uso qualificado e consciente, e para isso, é fundamental investir na formação e educação dos profissionais do setor. Neste sentido, defenderam que o uso do azeite deve ser não só incentivado, mas mesmo tornado obrigatório na restauração, como por exemplo incluindo-o nos couverts. Além disso, o serviço de sala deve ser capacitado para contar a história do produto, destacando as variedades de azeitonas, os métodos de produção e as regiões de origem. Tal como se conta a origem de um vinho, deve-se dar ao azeite o destaque que merece, educando o palato dos clientes e reforçando o valor do produto nacional.

Neste esforço de valorização, as escolas de hotelaria revelaram que enfrentam dificuldades em adquirir azeite de qualidade para fins pedagógicos, o que compromete a formação sensorial e técnica dos alunos. Para colmatar esta lacuna, é essencial fomentar parcerias entre as escolas e os produtores, promovendo um contacto mais direto com o produto e incentivando a compreensão da sua riqueza, assegurada por exemplo através de provas guiadas por especialistas. Um esforço que reclama a aproximação dos dois setores: restauração e oleícola/produtores de azeite. Os oradores consideraram que é igualmente pertinente que se crie uma disciplina dedicada exclusivamente ao azeite nos cursos de hotelaria. Esta formação especializada permitiria aos futuros profissionais não só dominar o uso técnico do azeite na cozinha e no serviço de sala, mas também compreender o seu papel na preservação da identidade gastronómica nacional — uma identidade hoje ameaçada pela crescente presença da fast food e de hábitos alimentares globalizados e pouco saudáveis.

A concluir, o painel observou que promover o azeite é, afinal, promover Portugal: a sua terra, os seus saberes, os seus sabores e que nos cabe a todos, enquanto sociedade, assegurar que este ouro líquido continue a brilhar à mesa de todos — com conhecimento, respeito e orgulho.

Setor de parabéns, mas com trabalho a fazer para aproveitar o impulso


A sessão de encerramento contou com as intervenções do Presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, Luís Rosinha, e do Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Mendonça e Moura.

Luís Rosinha destacou a importância deste encontro como oportunidade para refletir sobre o setor oleícola e elogiou as propostas apresentadas para valorizar o azeite português, enfatizando o seu impacto económico, social, cultural e identitário e defendendo que as ideias aqui debatidas ao longo de dois dias, se devem agora transformar em ações concretas.

Já Álvaro Mendonça e Moura, considerou que o setor está de parabéns pelo crescimento expressivo da produção de azeite nos últimos 20 anos e o seu valor estratégico para a agricultura portuguesa, alertando que, porém, não podemos esquecer os desafios agudizados pela instabilidade internacional e pelo novo quadro financeiro da UE que se está a perfilar no horizonte e que afetará a PAC. O dirigente reforçou a importância de proteger as verbas da política agrícola, separando-as das novas prioridades como a defesa e segurança.

Neste sentido, defendeu a continuidade da implementação de projetos estruturantes como a “Estratégia Água que Une”, crucial para a sustentabilidade do olival e da agricultura nacional, podendo valorizar de forma definita e incontornável ambos os setores, o que tem particular pertinência num momento em que é preciso reforçar a resiliência e a segurança alimentares. Por fim, apelou à união do setor em prol da ativação da associação interprofissional AIFO.

O Congresso Nacional do Azeite é uma iniciativa integrada no Projeto Da Oliveira à Mesa que é cofinanciado por fundos comunitários e nacionais através do PDR2020.

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