Tecnologia de Produção de Framboesa e Amora e Pós-colheita

Foi uma plateia cheia aquela que assistiu, com grande interesse, à palestra técnica sobre tecnologias de produção de amora e framboesa que decorreu em Ponte da Barca, no dia 11 de fevereiro 2013.

Sessão organizada pela empresa de consultoria agronómica Contamais e apadrinhada pessoalmente pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Vassalo de Abreu, que sublinhou que o apoio da instituição à instalação de jovens agricultores, nomeadamente na área dos pequenos frutos é uma das prioridades do município, e que tem já resultados dados, uma vez que este é já um dos municípios do país que apresenta maior área plantada na campanha 2012/13 com o complexo mirtilo/framboesa, sendo também líder de destaque na produção, por exemplo, de pimento “padron”.

A sessão teve como oradores principais Daniel Gonçalves, um dos especialistas nacionais na produção de amora e Justino Sobreiro, representante da Van Amerongen, empresa holandesa líder na conceção e produção de soluções de conservação pós-colheita de fruta, incluindo pequenos frutos.

Daniel Gonçalves fez uma preleção focada nas tecnologias de produção de amora e framboesa, descrevendo variedades, cuidados e práticas culturais que permitem, ou aumentar a produtividade ou a rentabilidade da cultura. Para este especialista a produção destes pequenos frutos em Portugal só fará sentido apostando na “qualidade”, que foi uma das palavras mais ouvidas na sua apresentação, em que sublinhou que a fruta portuguesa merece a preferência dos mercados internacionais, algo que é extremamente importante não se perder e é uma grande mais valia para o conjunto dos produtores nacionais.

Do ponto de vista técnico, Daniel Gonçalves sublinhou a diferença entre variedades remontantes e não remontantes de framboesa (algo que, pelo melhoramento genético, ainda não se conseguiu totalmente na amora), e que se traduz, essencialmente, na diferença entre variedades que frutificam uma vez no ano (em ramos do ano anterior), destacando as cultivares Tulameen e o conjunto Glen (Ample, Lyon e Moy), e variedades que frutificam mais do que uma vez, tendo uma frutificação primaveril em ramos atempados, e uma outra produção outonal, em ramos do próprio ano, melhor adaptadas à cultura em abrigo, sendo as variedades Autumn Bliss (uma clássica), Polka, Erika, Amira, Galante, Heritage e Kweli, alguns exemplos das mais populares e recomendadas.

Foi ainda feita uma descrição dos diferentes tipos de condução especializada para a produção em contraciclo, ou de produção forçada, técnicas melhor adaptadas às regiões quentes.

No que toca à produção de Amora, área em que tem maior número de publicações, nomeadamente no primeiro número da Pequenos Frutos, o especialista descreveu as várias formas de condução, fazendo a distinção entre variedades prostradas e eretas, descrevendo as suas qualidades, abordando alguns cuidados e técnicas a ter e empregar na produção, sublinhando a boa adaptação destas plantas (silvas), a todo o território nacional e à produção, quer em abrigo quer ao ar livre, em que se  podem alcançar, potencialmente, produções anuais elevadíssimas. Porém, advertiu o técnico, que para quem se instala é fundamental ter muito cuidado na escolha das variedades, quer em termos de produtividade e resistência a doenças, mas sobretudo à “qualidade” da fruta e à sua aceitação pelos mercados.

Tal como Daniel Gonçalves, Justino Sobreiro sublinhou a importância fulcral a dar à pós-colheita, especialmente da framboesa e da amora, em que a grande fragilidade e perecibilidade destes frutos pode ter, como consequência, elevadas perdas caso não se respeitem cuidados criteriosos na apanha da fruta, nomeadamente a sua rápida frigorificação (idealmente abaixamento de temperatura para próximo dos 0ºC), devendo esta ser feita nas duas horas subsequentes à colheita, para o que a presença de câmara frigorificas, mesmo soluções improvisadas com contentores ou carrinhas, é fundamental em plantações profissionais.

A modificação e controlo preciso da atmosfera de uma câmara de armazenamento de fruta (sobretudo redução da presença de oxigénio e aumento da concentração de dióxido de carbono) pode, sobretudo para quem pretende reter mirtilo, morango, cereja e groselha na exploração na procura de preços de mercado mais favoráveis, permitir o extraordinário prolongamento da vida útil destes frutos em até, por exemplo, 8 meses no caso da groselha vermelha, 2,5 meses no mirtilo, 2 meses em cereja e 21 dias no morango, sendo a framboesa e a amora os frutos em que esta técnica tem tido menos sucesso.

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip