Jardim Botânico de Vila Real transforma-se em oportunidade para jovens

Um grupo de jovens está a transformar o Jardim Botânico da Universidade de Vila Real numa oportunidade de negócio, replicando espécies aromáticas ou ornamentais que vendem e que já chegaram a restaurantes e bares do Porto.

São seis, todos eles estudaram ou ainda estudam na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, e juntaram-se na Cooperativa Agrícola Rupestris.

A aventura começou com um desafio lançado por um professor para a realização de visitas guiadas ao Jardim Botânico, um dos maiores da Europa, mas depressa os jovens perceberem que este era um «jardim de oportunidades».

«Fomos olhando para todo o germoplasma do Jardim Botânico e o potencial em termos de propagações, em fazer um viveiro, e transformamos isso numa oportunidade de negócio», afirmou Jorge Baptista, 26 anos e formado em Engenharia Agronómica.

Foi estabelecido um protocolo com a academia transmontana e aproveitados espaços da UTAD que há anos estavam degradados e subaproveitados, como estufas, que foram transformadas em viveiros.

Aqui o trabalho é feito em conjunto. Ao Jorge juntaram-se Álvaro Silva, Ana Morais, Daniel Ribeiro, João Reis e Luís Lamas.

Dentro de uma das estufas, João Reis, 28 anos e que está a tirar o curso de Engenharia Florestal, está a fazer estacaria de sálvia amarela. «Tirei uma amostra da planta mãe e estou a cloná-la. Pego neste material genético, elimino as folhas e coloco na covete», explicou.

Ao lado, Daniel Ribeiro, 26 anos e formado em Engenharia Agronómica, faz o envasamento, colocando as pequenas plantas em vasos maiores, onde vão crescer até estarem prontas para serem vendidas.

O jovem disse que optaram por começar a comercializar com plantas menos comuns no mercado. Neste momento trabalham com 35 espécies mas o objetivo é aumentar. Por aqui há uma mistura de muitos sabores e aromas desde os alecrins, tomilhos, sálvias, hortelãs, alfazemas às manjeronas.

E, neste momento, as plantas aromáticas da Rupestris já temperam os pratos de vários restaurantes no Porto e estão também a ser usadas em bares.

«Acabamos por ir para o Porto porque é um mercado emergente no consumo deste tipo de produtos porque há cada vez mais turismo e, consequentemente, mais restauração e hotelaria», salientou Jorge Batista.

As aromáticas são provenientes um pouco de todo o mundo, as plantas ornamentais que estão a ser vendidas são espécies autóctones para «valorizar« o património natural da região.

E, enquanto uns trabalham nas estufas, outros vão servindo de guias aos visitantes que querem conhecer o Jardim Botânico.

Luís Lamas Oliveira, 30 anos e formado em Biologia, percorre o campus com uma família que Guimarães que veio conhecer Vila Real.

«É um campus enorme, que acolhe um dos maiores jardins botânicos da Europa e tem muita coisa para ver, para explorar», salientou o jovem.

Os visitantes António Ferreira e os filhos, Mariana e Pedro, mostraram-se surpreendidos com a dimensão do jardim. «Encontramos aqui um autêntico estudo de toda a flora do nosso país e algumas espécies que não conhecíamos», afirmou António Ferreira.

Para além da comercialização das plantas e das visitas guiadas, a cooperativa realiza ainda eventos ligados à natureza, como encontros micológico ou de observação de aves. O objetivo é «divulgar o património natural da região».

Por enquanto os jovens ainda não conseguem viver do trabalho na cooperativa, mas a ideia é expandir o negócio e criar o próprio emprego.

Fonte: Lusa

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