Estratégias para o setor dos cereais

A redução da dependência externa, assente no aumento da produção nacional através da melhoria da produtividade, consolidação e aumento das áreas de produção, da adaptação às alterações climáticas e da criação de valor nas fileiras dos cereais (praganosos, arroz e milho) são objetivos estratégicos há muito identificados pelos diferentes atores destas fileiras. A investigação, inovação e transferência de conhecimento, envolvendo todos os atores das fileiras (produção, indústria, consumidores, investigação) são fundamentais para alcançar este desígnio.

Por Ana Sofia Almeida | Investigadora Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

As Agendas de Investigação e Inovação dos três Centros de Competências que englobam os cereais, nomeadamente o CEREALTECH, o COTARROZ e o INOVMILHO, e que foram desenvolvidas no âmbito da Estratégia Nacional para Promoção da Produção de Cereais (ENPPC), aprovada por Resolução do Conselho de Ministros no dia 12 de julho de 2018, constituem Planos de Ação que respondem às necessidades reais das respetivas fileiras, identificando as linhas de investigação prioritárias para o setor dos cereais e orientando a investigação para a sua realização, uma vez que resultam da consulta alargada aos vários agentes da fileira (investigação, produção e indústria), refletindo assim as principais preocupações dos mesmos. Neste contexto, as estratégias de médio longo prazo terão que assentar nos seguintes eixos.

Aumento da eficiência de produção

A redução de custos de produção através da incorporação de tecnologia e de conhecimento revela-se cada vez mais importante para a rentabilidade da exploração. São áreas particularmente relevantes a eficiência do uso da água e nutrientes, a eficiência do uso da energia, assim como a adequação do itinerário técnico a cada exploração e às especificidades de cada ano.

Adaptação às alterações climáticas

Portugal insere-se numa das áreas da União Europeia mais afetadas pelas alterações climáticas. O ano corrente é bem ilustrativo do impacto negativo que este fenómeno tem na agricultura. No sentido de nos prepararmos para esta realidade, o desenvolvimento de variedades mais adaptadas às condições extremas e mais resistentes à doenças e pragas emergentes é decisivo para a agricultura do futuro. Por outro lado, o desenvolvimento de competências e capacidades que nos permitam gerir melhor as necessidades hídricas das plantas são fundamentais.

Intensificação sustentável da produção de cereais

Portugal embora tenha uma localização atlântica, tem um clima e uma agricultura tipicamente mediterrânica. Trata-se historicamente de um sistema de produção diversificado e integrado. Neste contexto, a intensificação sustentável passa por promover melhorias no sistema ao nível da fertilidade e teor de matéria orgânica dos solos e drenagem, incluindo o recurso a ferramentas de agricultura de precisão.

Reforço da capacidade técnica agronómica e de gestão

A capacitação das empresas e das organizações de produtores baseada numa cada vez maior capacidade técnica, quer nos domínios agronómicos, quer nas áreas de gestão é hoje um fator crítico de sucesso para alcançar uma elevada competitividade global.

Valorização da produção nacional

Considerando as especificidades da nossa agricultura e a escala da produção de cereais, a diferenciação e valorização são fundamentais para a rentabilidade destas fileiras. A produção de produtos de elevada qualidade (ex. trigos de qualidade, cevadas para malte e milho para gritz) ou especificidade (ex. arroz carolino), bem como a utilização para outros fins no domínio da nutracêutica e cosmética (ex. aveias), são áreas fundamentais neste contexto.  

Nota de Redação:

Artigo publicado na edição n.º 42 da Revista AGROTEC, no âmbito do Dossier "Estratégias para o setor dos cereais".

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