Apicultura 4.0: A inovação tecnológica ao serviço da valorização do mel nacional

A FENAPÍCOLA realizou, no último dia 15 de julho, um webinar acessível no seu canal de Youtube, dedicado à promoção da apicultura. Durante o evento, vários especialistas debateram a apicultura 4.0 na vertente da inovação e desenvolvimento associado à investigação e tecnologia, passando pela educação ambiental e turismo.

Apicultura

Por esta ser uma fase conturbada para todos, e para a apicultura em particular, estiveram reunidos no encontro o Secretário de Estado da Agricultura e da Alimentação, Nuno Russo, a Apistechnology, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Centro de Investigação de Montanha (CIMO), o Centro de Investigação em Digitalização e Robótica Inteligente (CEDRI), entre outros.

Nuno Russo começou por introduzir o evento, destacando a altura instável que se vive devido à pandemia sanitária, mas evidenciando a «resiliência dos agricultores em Portugal, que tem sido essencial». O secretário de Estado da Agricultura e da Alimentação referiu novamente a criação da Agenda de Inovação para a Agricultura, que será apresentada em breve pelo Ministério da Agricultura. 

Perante a pandemia sanitária, Nuno Russo destacou que «o importanto é salvaguardarmos a nossa comunidade e, na nossa comunidade, as abelhas também são essenciais, assim como os apicultores e as entidades que as representam», afirmando que o setor apícola pode contar com o Ministério da Agricultura.

O programa inovador AUTENT+

Durante o evento, Joana Amaral, do CIMO & CEDRI do Instituto  Politécnico de Bragança, apresentou o programa AUTENT+. O mel é considerado um dos produtos mais propensos a ser adulterado, pela dificuldade em prever ou comprovar tal fraude. Uma das grandes ameaças com que o setor se depara é o mercado livre, que facilita o processo da comercialização de mel de menor valor, rotulado como sendo de qualidade superior (como sendo monofloral, DOP ou biológico). É por isto que a FENAPÍCOLA se debate,pela obrigação da determinação e identificação legítima da origem botânica e/ou geográfica do mel, com vista ao reconhecimento de fraudes. Assim surge o AUTENT+, um projeto que visa o desenvolvimento e otimização de uma metodologia de “DNA metabarcoding” para a identificação da origem botânica.

Comparativamente à tradicional análise melissopalinológica, esta técnica apresenta a vantagem de não estar dependente da experiência e conhecimento do técnico e apresentar uma maior resolução taxonómica, podendo a identificação chegar à espécie. Este projeto também inclui uma modalidade que permite a deteção de não-conformidades relacionadas com a declaração da origem geográfica. Através da autenticação do mel produzido com a abelha autóctone, pretende-se a valorização e diferenciação do mel nacional como produto que aposta na biodiversidade e sustentabilidade dos recursos endógenos.

Por último, o AUTENT+ inclui outrafuncionalidade que visa proporcionar mais informação ao consumidor, conferindo mais valor ao produto. Referimo-nos a um sistema de informação ao consumidor com base em etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID) ou QR codes e a utilização de smartphones. O sistema permitirá ao apicultor/cooperativas fazer o upload da informação que pretendem disponibilizar (descrição da subespécie de abelha melífera usada na produção, origem geográfica, flora, informação nutricional, informação analítica, etc.) a qual será acedida pelo consumidor ao passar o seu smartphone no rótulo do produto.

A pertinência desta funcionalidade deve-se à maior consciencialização da população sobre o impacto que a alimentação tem na saúde, tendo vindo a assistir-se a um aumento do número de consumidores interessados nos alimentos que compra, não só do ponto de vista nutricional, mas também sobre a sua origem.Também uma fatia considerável da população se preocupa, cada vez mais, com questões éticas e ambientais, estando atentos a temas como a proteção da biodiversidade e o modo de produção. Estudos indicam, ainda, que muitos destes consumidores estão dispostos a pagar um valor mais elevado por um produto de qualidade comprovada.

Em seguida, Fabiano Guedes, biólogo pós-graduado em apicultura, apresentou a proposta pedagógica da FENAPÍCOLA no âmbito da educação ambiental e turismo sustentável na apicultura. Alice Pinto abordou a identificação da abelha ibérica e das tecnologias desenvolvidas no âmbito da inovação tecnológica da apicultura.

Na última apresentação do dia, Joel Oliveira apresentou a Apistechnology, uma start-up ligada ao setor. Atualmente, a empresa comercializa ferramentas digitais para melhorar a experiência apícola, aumentar a produção e facilitar as suas operações dos apicultores.

O software mais popular é o B-App, concebido para ajudar os apicultores com todas as tarefas mais importantes e desenvolvido para ser utilizado tanto no campo, como em casa.  Existe, também, o B-Hive Monitoring System, que recolhe os dados essenciais das colmeias e envia-os para o B-App, para que os apicultores possam ter acesso a tudo o que acontece com as suas colmeias em tempo real e serem notificados se algo correr mal.

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