Portugal aumenta importações e paga mais 70% pelo azeite estrangeiro

azeite

Entre janeiro e agosto, Portugal gastou mais 91 milhões de euros em azeite importado, o que significa um aumento de 70% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Depois de um ano difícil nos olivais nacionais, em que a produção caiu 35%, as empresas e os produtores tiveram de comprar ainda mais azeite ao estrangeiro (+ 21%) para conseguirem responder aos pedidos dos clientes internacionais.

Portugal produz o suficiente para abastecer o mercado interno, mas ainda não consegue assegurar todas as exportações com matéria-prima nacional.

Além disso, a quebra na produção em 2014/2015 foi geral na maioria dos países produtores e, num cenário generalizado de escassez, os preços aumentaram.

Os dados do INE relativos aos primeiros oito meses do ano não refletem apenas um aumento considerável nos gastos e na quantidade de azeite importado.

As empresas exportaram menos quantidade (-6%), mas conseguiram cobrar um preço por quilo superior ao do azeite que importam.

As exportações, que chegaram perto dos 71 milhões de quilos, somaram cerca de 245 milhões de euros (uma subida de 17% face ao ano passado), mais do que os 221 milhões de euros gastos com a importação de 75 milhões de quilos.

Ou seja, face ao ano passado, Portugal vendeu menos azeite ao estrangeiro mas por mais dinheiro.

Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, cujos associados representam 95% do azeite de marca embalado, lembra que a queda na produção de 32 mil toneladas na última campanha (de 92 mil para 60 mil) reforçou as necessidades de importação.

«Não conseguimos saber qual é a percentagem da produção que fica cá e a que é exportada, mas olhando para os números podemos concluir que, para o consumo interno, estamos praticamente abastecidos», detalha.

No caso da GalloWorldwide, por exemplo, o azeite é comprado em Portugal, mas também «em toda a bacia mediterrânica ou na América Latina», explica Rita Vilaça diretora de unidade de negócio. «Vamos onde for preciso para ir buscar os melhores azeites. (…) O que nos motiva é a qualidade, sendo que a matéria-prima portuguesa é considerada de excelência, no topo mundial», afirma.

De acordo com Mariana Matos, a subida dos preços «em flecha» verificada desde a primavera dificultou as exportações porque os clientes «não percebem porque é que, de um momento para o outro, os preços aumentam».

Há, contudo, exceções. A Sovena, dona do Oliveira da Serra e a empresa que mais azeite movimenta no mundo, aumentou 28% as exportações em valor e 6% em quantidade.

Fonte oficial do grupo, com olival em Portugal e investimentos agrícolas em Espanha e Marrocos, também destaca que a subida do custo do azeite, na sequência do decréscimo de produção, se traduziu «a nível global num grande crescimento das vendas em valor, mas com algum abrandamento dos crescimentos de volumes».

Há outro fator a influenciar a redução do volume das exportações nacionais: a situação económica de Angola e Brasil, dois dos principais clientes de Portugal.

Com a crise do preço do petróleo a impor um travão nas compras ao exterior, Angola importou menos 30% de azeite português. Já o Brasil, que em agosto entrou em recessão técnica, reduziu em 15% as compras.

O país de Dilma Rousseff é o principal cliente das duas maiores empresas de azeite nacionais. Pesa 30% do negócio da Gallo, que obtém 75% da sua faturação fora de portas. Também é o maior destino do azeite da Sovena, através da marca Andorinha.

Em termos globais, Espanha continua a ser o principal destino das exportações do azeite português (que é, muitas vezes, embalado com marca espanhola), e adquiriu apenas mais 1% em volume face aos primeiros oito meses de 2014.

Já França reforçou em 30% as compras. Este produto continua a ser o segundo mais exportado do setor agroalimentar. Depois do vinho, que representa 12,7%, o azeite pesa 7,06%.

Fonte: Público 

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Casa do Azeite: «temos de investir mais na promoção do consumo em Portugal»

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