O herbicida de todas as polémicas

O glifosato «deveria ser suspenso em todo o mundo». A voz de José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, não chegou para evitar o chumbo, na Assembleia da República, de três projetos do PAN, Bloco de Esquerda e Os Verdes, na sexta-feira, dia 15 de abril, recomendando a proibição deste herbicida no nosso País e a oposição do Governo à renovação da sua licença na União Europeia.

glifosato

O Parlamento de Estrasburgo votou, em abril, pela autorização do glifosato na agricultura por mais sete anos, mas quer ver o seu uso proibido em todos os espaços públicos urbanos. A decisão final competirá à Comissão Europeia, em junho, depois de uma reunião do comité de peritos e de ouvidos todos os ministros da Agricultura dos países-membros.

«Na última década, a aplicação de glifosato em Portugal aumentou cerca de 50%, com 1 400 toneladas usadas só em 2010. O resultado é que já é detetado em análises de rotina aos alimentos, ao ar, à água da chuva e dos rios, à urina, ao sangue e até ao leite materno», explicava o bastonário na revista da Ordem dos Médicos, no ano passado, quando o glifosato entrou para a lista das substâncias «potencialmente cancerígenas» da Organização Mundial de Saúde.

Com o prazo para a renovação da licença de comercialização prestes a expirar, as posições pró e contra este herbicida têm-se extremado e até a credibilidade da classificação da OMS tem sido posta em causa – apesar de ter sido tomada por unanimidade, depois de avaliada a investigação científica publicada, ligando o herbicida ao aumento da incidência de cancro, doença celíaca, infertilidade, malformações congénitas, doença renal e autismo.

A Agência Europeia para a Segurança Alimentar defende que o potencial carcinogénico deste herbicida estará sobretudo ligado a um coformulante (taloamina). Alguns países avançaram já com restrições ao seu uso, sem esperar por uma posição concertada da UE. Em França foram proibidos, na semana passada, todos os herbicidas que juntam precisamente o glifosato e a taloamina.

Fonte: Visão

Saiba mais sobre este tema aqui:

Glifosato autorizado por sete anos apenas para uso profissional

Agricultura: «Os Verdes» querem interdição do uso de pesticida glifosato

Glifosato não é cancerígeno

UE reticente sobre uso do glifosato

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip