Agricultores da Guarda preocupados com futuro do setor no interior

A Associação Distrital de Agricultores da Guarda (ADAG) está preocupada com o futuro da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, pedindo mais atenção para o setor, sobretudo para as regiões do interior do país.

O vice-presidente da ADAG, Mário Triunfante Martins, afirmou, no final de uma audiência na Presidência da República, que no encontro alertou para a «morte do pequeno agricultor e da agricultura familiar».

Segundo o responsável, a assessora do Presidente da República para os assuntos da agricultura, que recebeu os dirigentes da associação, «tomou nota [das preocupações] e disse que vai comunicar ao senhor Presidente para ele exercer as suas influências».

A direção da ADAG também entregou um documento, dirigido ao Presidente da República, a dar conta das preocupações atuais e a apontar caminhos para o futuro, alertando que tem sido feito «um ataque cerrado à agricultura familiar e aos pequenos agricultores, não só com as exigências fiscais, como com outras».

«Cumprimos com a nossa missão, que é pedir as audiências e alertar as pessoas para os problemas da agricultura familiar e do interior do país», acrescentou Mário Triunfante Martins.

Indicou que a ADAG também pediu uma reunião à ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, e que já reuniu com a Comissão da Agricultura e Mar.

No documento que reflete a atual situação do setor, a ADAG refere que «desde há décadas que se vem assistindo a uma progressiva degradação da agricultura em Portugal», mas a situação «nunca foi tão grave» como a atual, «fruto de sucessivas políticas agrícolas erradas».

Uma das áreas «mais fortemente afetada é a agricultura familiar, já que o Governo português segue uma política de apoio incondicional à agricultura de maior dimensão e ao agronegócio», reconhece.

Segundo a associação, entre outras situações, verifica-se uma diminuição de 60% na produção de azeitona, de 30% na produção de castanha, uma «grande baixa» da produção e do preço do leite e na produção de vinho.

Na região demarcada de produção do queijo Serra da Estrela assiste-se a um decréscimo do pastoreio de pequenos ruminantes com a «consequente e drástica diminuição do fabrico artesanal de queijo».

A ADAG assinala que a região corre o risco de perder «um saber ancestral, um produto único, devido ao crescente abandono da atividade, face às exigências burocráticas e fiscais completamente desajustadas à realidade do setor».

A associação refere ainda que é «imperativo e urgente a revisão das políticas oficiais agrícolas e de mercados que hoje continuam centradas nos apoios ao grande agronegócio, virados, sobretudo, para a exportação».

A ADAG pede também que seja aprovada a carta e o estatuto da agricultura familiar propostos pela CNA – Confederação Nacional da Agricultura.

Fonte: Lusa 

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip