A poda mecânica aplicada à Pera Rocha

Por: Margarida Matos

A investigação da poda mecânica em pereiras quer encontrar uma solução técnica que diminua a mão de obra e contribua para melhorar a produtividade da pera rocha do Oeste, um símbolo da fruticultura nacional. A demonstração da máquina de podar e a apresentação dos primeiros resultados relativos a 2012 aconteceu, na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister, em Alcobaça, no dia 17 de janeiro.

De acordo com Sandra Patrocínio, engenheira da Cooperfrutas, uma organização de produtores de Alcobaça, a poda das pereiras “depende muito de mão de obra, sobretudo especializada e cada vez mais envelhecida”. Foi neste sentido que surgiu o projeto de investigação “avaliação da poda mecânica em pomares de pera rocha de Oeste”, uma parceria entre a Cooperfrutas, a Universidade de Évora e a produtora Cidália Tomás. O principal objetivo deste estudo é verificar se a poda mecânica “é útil ou não e, caso seja, como deve ser feita”, explica António Bento Dias, professor da Universidade de Évora.

A poda mecânica consiste numa máquina de podar de discos que efetua cortes verticais de cada lado da linha de árvores e corte horizontal na parte superior da copa. O especialista em mecanização agrária acrescenta: a podadora “é semimontada no sistema de engate de três pontos do trator e corta indiscriminadamente tudo o que aparece à frente”.

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Os ensaios de campo estão a ser feitos em pomares de peras na zona de Alcobaça, que têm cerca de 25 anos e utilizam o sistema de rega gota a gota. Nesses pomares estão a ser estudadas três formas de poda: a poda manual que é feita por podadores com tesouras pneumáticas, a poda mecânica (com recurso à podadora) e uma poda mista. Esta poda mista, como o próprio nome indica, combina a poda manual com a poda mecânica. Na prática, primeiro faz-se a poda mecânica e, posteriormente, uma poda manual de complemento. Para já, as primeiras conclusões indicam que a poda mecânica apresenta uma capacidade de trabalho elevada, por comparação à poda manual, isto é, consegue podar mais árvores em menos tempo.

Além disso, a podadora uniformiza a dimensão das árvores. Os ensaios de campo vão continuar até 2014.

O docente explica: “só um ano é insuficiente para se alcançarem resultados concretos, ainda mais, 2012 foi um ano atípico, com quebras de produção elevadas”. E avança: “A solução passará sempre pela poda mista mas precisamos de estudar as consequências na produtividade e na qualidade da produção”. Este projeto, liderado pela Cooperfrutas, é financiado pelo programa de desenvolvimento rural (PRODER), no âmbito da medida 4.1 “Cooperação para a Inovação- Promoção do conhecimento e desenvolvimento de competências”.

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Podadora made in Portugal

A máquina de poda teve que ser adaptada ao terreno, às parcelas do pomar da região e ao tipo de trator utilizado. Para isso, no início do projeto, a Cooperfrutas entrou em contacto com o docente António Bento Dias, especialista em mecanização agrícola, sobretudo, na olivicultura, e com a empresa portuguesa Domingos Reynolds de Souza. Esta empresa, que concebe e fabrica equipamentos agrícolas, foi a responsável pelo desenvolvimento da podadora. O preço deste equipamento ronda os 10 a 15 mil euros. No âmbito desta investigação, a organização de produtores adquiriu uma podadora que disponibiliza aos seus associados mediante aluguer.

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