«A Agroglobal vai continuar a mostrar a importância e a força a todo o setor», afirma Paulo Fardilha em entrevista

A Agroblobal está de regresso com uma edição renovada que aposta numa nova localização - o CNEMA, em Santarém. Entre os dias 5 e 7 de setembro, são esperados 40.000 visitantes no certame que reúne o setor agrícola. Em entrevista à Agrotec, Paulo Fardilha, diretor geral da Agroglobal, revela quais as expetativas para este ano, que atividades serão dinamizadas e das dificuldades que o setor tem vivido.

AGROTEC: Quais são as expetativas? Quantas empresas e visitantes são esperados?

PAULO FARDILHA: Para 2023 as expetativas são grandes, criadas principalmente pela mudança do local onde iremos realizar a Agroglobal, no CNEMA, em Santarém. Acredito que, as empresas participantes e os visitantes irão ter uma agradável surpresa com a dinâmica do evento nesta nova localização. Mas no essencial a Agroglobal vai continuar a mostrar a importância e a força de todo o setor. Vamos ter um evento que irá manter o “espirito Agroglobal” – “Nós semeamos negócios” e “Cada vez mais Agroglobal”. Esperamos atingir cerca de 300 expositores e 40.000 visitantes nos três dias.

AG: Na sua opinião, qual a importância deste evento para o setor? Que impacto este certame tem?

PF: A Agroglobal afirmou-se já em edições anteriores como o grande evento profissional do setor, a nível nacional e ibérico, mas também com alguma projeção noutros países europeus, bem como África e América do Sul. Em 2023, contamos receber missões empresariais de França, Brasil e Angola. Frequentemente recebemos pedidos de informação de pessoas de vários países na Europa sobre como poderão visitar o evento. Para o setor em Portugal, a Agroglobal representa a cada dois anos, o encontro de um grande número de empresas das mais diversas atividades. Durante os três dias do evento o contato entre profissionais, a troca de experiências, de conhecimento, as demonstrações ao vivo, permitem que todas a empresas beneficiem com esta experiência de três dias intensos. Além disso os debates, seminários, colóquios, cujos programas irão ser divulgados a partir de junho, permitem que os temas da atualidade sejam amplamente divulgados e debatidos, desde os tecnológicos aos regulamentares. Principalmente estes últimos, muito têm condicionado as opções estratégicas para o agricultor.

AG: Quais as principais diferenças entre a Agroglobal deste ano e as edições anteriores?

PF: A grande diferença para 2023, tal como atrás referi será a localização e o espaço onde irá decorrer o evento. A dinâmica do evento, julgo que será mais intensa e decorrerá num recinto ao ar livre tal como anteriormente, mas com infraestruturas criadas para este tipo de atividades. A localização do CNEMA, junto aos acessos da A1, A13 e N3, é sem dúvida uma grande mais-valia para todos os intervenientes. Existirão campos de demonstração de culturas permanentes, anuais e zonas para demonstrações de máquinas. Resumindo, existem diferenças ao nível físico no local onde irá decorrer a Agroglobal, mas no essencial com envolvimento dos principais intervenientes do setor irá manter o espírito característico nas últimas edições.

AG: Vão existir campos de ensaio? Em que moldes? É necessária a deslocação?

PF: Sim, e à data de hoje os campos de ensaios e de demonstração das várias culturas já estão instalados, totalizando cerca de 100 hectares. Teremos culturas permanentes, vinha, olival, amendoal, nogueiral, pomares de aveleiras, pereiras e macieiras, com divulgação de diversas castas e variedades. Próximo da área de exposição temos ainda um ensaio composto por várias espécies florestais, pinheiros, eucaliptos, castanheiros, carvalhos e ainda sobreiros. Também nesta área teremos uma zona de demonstração de pulverizações de culturas arvenses com drones e tratores. Numa zona contigua à área de exposição existirá uma área com cerca de 3,5 hectares para demonstrações de diversos tipos de máquinas. Próximo da área de exposição estão já instaladas as culturas anuais, milho, tomate, pimento, arroz e cânhamo. O acesso a esta área das culturas anuais será realizado a partir do interior da área de exposição, em transportes garantidos pela organização, em permanência durante o horário do evento, das 9:00h às 18:00h. Na área das culturas anuais para além dos diversos ensaios, irão decorrer demonstrações de máquinas de colheita.

AG: Quais as novidades para este ano? Para além da área de exposição, que outros eventos/atividades vão ser dinamizados?

PF: De uma forma geral as atividades foram descritas nas questões anteriores. Teremos máquinas autónomas a trabalhar perto da área de exposição. Ao nível dos drones também haverá uma dinâmica mais autónoma, com algumas novidades. Várias empresas terão em exposição algumas das suas novidades principalmente ao nível das máquinas e sua precisão e autonomia. Há diversos temas técnicos para apresentar durante o evento, que estão na ordem do dia serão debatidos pelas empresas que os têm estudado/trabalhado. Além das conferências que irão decorrer nos dois auditórios cujos temas irão ser anunciados em junho, teremos no dia 6 a conferência ibérica CAP/ASAJA e no dia 7 uma conferência internacional com o tema “Crop production worldwide”. Temas como o da transição digital o da água, enquadrado nas alterações climáticas e uma nova abordagem sobre a biosfera do solo farão parte de alguns painéis nos auditórios. Outros temas e dinâmicas ainda estão a ser enquadrados, mas apenas serão fechadas mais próximo das datas do evento.

AG: Neste momento, quais as principais dificuldades que o setor enfrenta?

PF: Julgo que o principal desafio que o setor enfrenta são as consequências das alterações climáticas. Tal como o problema do aeroporto, o país anda há anos a discutir o planeamento e gestão dos recursos hídricos, mas para além do Alqueva praticamente nada foi feito. Agora já estamos a correr atrás de prejuízos e mesmo assim não passamos da discussão. Outros problemas estão relacionados com os desequilíbrios provocados pela guerra na Ucrânia. A escalada dos preços dos fatores de produção e a instabilidade nos preços dos produtos agrícola, leva a que o setor se retraia nos seus investimentos, estratégias e planeamento a médio e longo prazo. Apesar disso as áreas do olival, e dos frutos secos não param de se expandir. Julgo que esta expansão foi e será benéfica e tal como as áreas da fruta e hortícolas não param de aumentar as suas exportações. É preciso, no entanto enquadrar este crescimento com os problemas relacionados com a falta de água disponível para irrigação. Por último julgo que todo o setor tem de mudar a forma como comunica e passa a informação para o consumidor. Todas as áreas do setor têm sofrido nos últimos anos com as políticas regulatórias e como a mensagem das atividades agrícola e florestal chega ao grande público, principalmente nos meios urbanos. Também aqui a Agroglobal tem um papel a desempenhar, alterar a forma como passamos a mensagem da importância vital, como atividade económica de base para o desenvolvimento do país. Os profissionais do setor comunicam bem para dentro, mas quando falamos dos canais mais generalistas para o grande público a mensagem não passa ou chega desvirtuada. Consequência disso, são as políticas regulatórias e de apoios que têm a vindo ser implementadas, desajustadas ou inexistentes.

Artigo publicado na edição n.º 47 da Revista AGROTEC.

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