Um investimento com espinhos

O figo-da-índia constitui uma alternativa para quem quer iniciar um projeto agrícola em Portugal, mas ainda há muito a fazer, nomeadamente na conservação do fruto exótico.

figo da india

Há cada vez mais gente interessada em cultivar figueiras-da-índia em Portugal, que deverá ter um aumento entre 100 a 200% na área de pomares em 2016 e 2017.

Neste momento há 200 hectares cultivados, que produzem com dois a três anos de idade, certificados em Modo de Produção Biológica (MPB) e Proteção Integrada (PI), principalmente dirigidos para a obtenção de fruto para consumo em fresco (200 a 500 toneladas).

Quem o diz é o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) que acaba de lançar um livro onde desvenda os principais conhecimentos relacionados com a cultura.

Intitulado “A cultura da figueira-da-índia e a valorização agroindustrial do fruto”, a obra aponta para uma previsão de consumo do fruto fresco em Portugal entre 8000 e 12 000 toneladas/ano em 2024/2025. Números bastante animadores, mas que ficam muito aquém do principal produtor mundial, o México com uma produção de mais de 350 000 toneladas/ano.

É que apesar da cultura estar em crescimento, o INIAV diz que ainda há muito a fazer e que os produtores têm de pensar numa lógica para além do consumo interno, não só de fruto fresco.

«Em Portugal, os produtores cultivam áreas reduzidas e possuem ainda pouco conhecimento sobre a cultura», lê-se na obra, que diz que só passou a haver cultura em pomar em 2008, como resposta à crise económica e de emprego por parte de jovens agricultores.

«Os agentes envolvidos na fileira têm dinamizado os agricultores no sentido de promoverem organização da comercialização da produção, tanto no mercado nacional, como no internacional», prossegue o INIAV.

Apesar de a quantidade do fruto produzido ser ainda reduzida e de a organização dos produtores ainda estar no início, a investigação dá conta de uma campanha o ano passado, através da Cooperativa Exotic Fruits Newflavors, CRL, com um acordo de fornecimento para uma cadeia de supermercados nacional e outros distribuidores nacionais e fizeram-se ainda testes de mercado para a Europa (Alemanha e Inglaterra).

Esta experiência permitiu perceber que é preciso investir na qualidade da produção entregue.«Em cerca de 70% apresentava um excesso de maturação dos frutos e um calibre reduzido (inferior a 80 g/fruto), o que impossibilitou a venda em mercados cujo tempo de vida de prateleira é fundamental», alerta o INIAV, que lembra que já existem em Portugal entidades preparadas para a transformação do fruto, especialmente para polpas e óleo das sementes.

O livro - que pode ser consultado aqui - diz que «a perspetiva de sucesso desta cultura em Portugal está fortemente ligada à organização produtiva», e que este pode ser melhorada «sobretudo por uma presença articulada de políticas públicas e privadas de modo a melhorar ou criar as devidas estruturas de produção pós-colheita (armazenamento em frio, despicagem, calibração, embalamento, transporte».

Espinhos a ultrapassar para um investimento num fruto que garantem valer a pena.

Fonte: Expresso

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