TomaZinco: Produção de tomate biofortificado em zinco

Em declarações ao COMPETE 2020, Pedro Humberto Castro, da CIBIO-InBIO sintetiza o âmbito e o alcance do projeto TomaZinco – que implementa diversas estratégias de biologia molecular e biotecnologia de ponta para estudar e afinar a assimilação do zinco - e a importância do apoio dos fundos da União Europeia.

TomaZinco

A agricultura inteligente é estratégica para um futuro sustentável. O recurso a plantas com desempenho otimizado, seja para tolerância a deficiências nutricionais do solo ou para biofortificação com nutrientes de interesse para a dieta humana, são cruciais nessa estratégia.

O TomaZinco é um projeto inovador e multidisciplinar que abrange esta problemática focando no caso específico do zinco, um nutriente essencial à vida humana. Este projeto terá um impacto imediato a nível nacional porque, para além de Portugal apresentar solos carentes em zinco com influência negativa na produção agrícola, utiliza como modelo de estudo o tomate. 

A produção de tomate é especialmente importante para a economia portuguesa tendo em conta que Portugal é um dos principais produtores da Europa. Para além disso, o tomate é um elemento característico, até diria essencial, na gastronomia portuguesa. Tomates enriquecidos com zinco serão um alimento mais saudável para todos mas beneficiará particularmente pessoas que sofrem de desnutrição de zinco, suprimindo a necessidade de suplementação medicativa deste micronutriente.

Nesse sentido, e para assegurar o sucesso do projeto, o TomaZinco implementa múltiplas estratégias de biologia molecular e biotecnologia de ponta com o objetivo de estudar e afinar a assimilação do zinco e posteriormente alocação para os frutos. Para além disso, tomateiros com maior capacidade de captação de zinco do solo suprimem a necessidade de fertilização de solos e asseguram uma maior sustentabilidade.

Uma estratégia paralela às estratégias de biologia molecular é explorar variedades de tomate português preservadas na coleção de sementes portuguesa com o intuito de encontrar tomateiros geneticamente e naturalmente mais eficientes na assimilação e enriquecidos em zinco. Para tal, o projeto beneficia orgulhosamente da parceria com o Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV, INIAV - Braga).

Muitas das variedades em estudo neste projeto são verdadeiras relíquias conservadas no BPGV que a agricultura portuguesa preteriu em função de variedades de elite que crescem mais e mais rápido, mas que não necessariamente mais nutritivas. O objetivo é também despertar o interesse de variedades nacionais cada vez mais distintas com funcionalidades diferentes, como o enriquecimento nutricional e a tolerância às variações climáticas, remetendo para uma necessária preservação a curto e a longo prazo da riqueza ecológica que o nosso país dispõe. 

O TomaZinco é, acima de tudo, um projeto que pretende ombrear com os avanços científicos e tecnológicos mundiais, e assim enaltecer neste campo a capacidade competitiva de Portugal. 

O projeto, cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica, envolveu um investimento elegível de cerca de 200 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 170 mil euros.

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