Tomate para indústria - Estratégias sustentáveis no combate à traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)
A praga Tuta absoluta, vulgarmente designada por traça-do-tomateiro, é, atualmente, considerada uma praga chave desta cultura. Foi detetada pela primeira vez na Europa, em Espanha, no ano de 2006. Em Portugal, a sua presença foi registada em cultura protegida de tomate, no Algarve, em maio de 2009. Em tomate para indústria, os primeiros prejuízos associados à ação desta praga ocorreram, na região do Ribatejo, na campanha de 2011.
Por: Elsa Valério1, Ana Paula Nunes2, Maria do Céu Godinho1, Elisabete Figueiredo3, Artur Amaral1, Joana Martins3, Adélia Sousa4, José Rafael Silva4, José Duarte4 e Carlos Damásio5
O principal hospedeiro de T. absoluta é o tomateiro, podendo também atacar batateira e beringela, assim como solanáceas infestantes, como a erva-moira (Solanumnigrum) e a figueira- do-inferno (Datura stramonium). Nestes hospedeiros, a lagarta alimenta-se de diferentes órgãos da planta como folhas, frutos, botões florais, pedúnculos e caules; contudo, os estragos (galerias) observam-se sobretudo nas folhas, mas também nos frutos.
Os estragos provocados por T. absoluta podem assumir grande importância se a deteção não for precoce e não forem realizadas as adequadas medidas de proteção. Os principais prejuízos derivam dos ataques nos frutos, podendo as perdas de produção atingir os 100% quando a infestação é detetada tardiamente. A produção pode ainda ser afetada de forma indireta, pela redução da área foliar e, consequentemente, redução da área fotossintética que produz hidratos de carbono e inviabiliza a comercialização dos frutos devido a queimaduras provocadas pelo sol.
A bioecologia desta praga, com cerca de nove ou mais gerações anuais, com sobreposição de estados de desenvolvimento e com capacidade de alternar entre hospedeiros, elevou-a a uma das principais pragas da cultura de tomate para indústria, principalmente no Ribatejo, devido às características dos ecossistemas agrários desta região.
Estas razões estão na base da proposta e desenvolvimento do projeto “Protomate – Desenvolvimento de uma nova ferramenta de apoio à gestão da cultura do tomate para garantia da qualidade do produto final” cujo principal objetivo foi desenvolver um sistema de apoio à decisão com base no acompanhamento técnico dos inimigos da cultura e na construção de mapas de risco para as principais zonas de produção.
Outros objetivos foram o estabelecimento de uma metodologia de observação e avaliação, nomeadamente métodos expeditos de estimativa do risco, estabelecimento de regras de tomada de decisão e o estudo da bioecologia da espécie em tomate para indústria no Ribatejo.
Os resultados deste projeto são uma contribuição para o uso sustentável dos produtos fitofarmacêuticos e, consequentemente, para uma maior ecoeficiência, conservação da biodiversidade e garantia de qualidade e segurança alimentar do produto final.
Materiais e Métodos
O trabalho realizado no ano de 2013 incluiu, por um lado, a monitorização e avaliação dos níveis de infestação da praga T. absoluta por contagem de adultos em armadilha com feromona sexual e observação direta de plantas e, por outro, a avaliação do risco prévio da ocorrência da praga.
Continua
Nota: Artigo publicado originalmente na Agrotec 17
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1Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS)
2Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Português (COTHN)
3Instituto Superior de Agronomia (ISA)
4Universidade de Évora (UE)
5Faculdade de Ciências e Tecnologia/ Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL)