Setores alimentar e da maquinaria já perderam 376 milhões com Angola

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O impacto da crise em Angola nas empresas portuguesas tem sido bastante expressivo, mas há setores a sofrer mais do que outros.

Nos primeiros dez meses do ano, as vendas de produtos como máquinas e aparelhos e os bens alimentares foram as que mais sofreram em valor, caindo, em conjunto, 376 milhões de euros face a idêntico período do ano passado.

Este valor corresponde a 45% do total, que, segundo os dados do INE, caiu 834 milhões de euros.

Só as empresas que exportam máquinas e aparelhos para o mercado angolano viram as vendas encolher 228 milhões de euros (-33,5%), enquanto no caso das empresas de produtos alimentares o impacto foi de 148 milhões (35,4%).

Para Paula Carvalho, responsável pelo gabinete de estudos económicos e financeiros do BPI, a descida no setor da maquinaria (bem como de equipamentos elétricos e não elétricos, e outro tipo de materiais) reflete sobretudo «a evolução da procura interna de Angola, nomeadamente uma queda significativa da Formação Bruta de Capital que é percetível no recuo do investimento público e no andamento do setor da construção».

Sobre a queda de exportações de produtos do setor alimentar, destaca que, «para além da moderação do consumo privado em Angola», esta evolução «reflete possivelmente a implementação recente das quotas e tarifas à importação de determinados tipos de bens, com vista a acelerar o processo de substituição de importações e estímulo à produção interna angolana».

Paulo Varela, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIAP), começa por realçar que, sendo os setores mais exportados para Angola, são os que mais impactos sofrem com a quebra de movimentos do comércio bilateral.

No caso dos produtos alimentares, refere questões «relacionadas com a escassez de divisas, o licenciamento das importações e uma produção local significativa de águas minerais, cerveja, sumos de fruta e refrigerantes».

Ao mesmo tempo, avança que a agricultura foi o setor não petrolífero que mais cresceu este ano, «o que permitiu reduzir as importações por via do aumento da produção nacional».

Se em termos do valor das vendas as empresas de máquinas e alimentos têm sido as mais afetadas pela contração da economia angolana (com a descida do preço do petróleo e dificuldade em ter divisas para pagar as importações), em termos de intensidade da queda as empresas de madeira e cortiça e as de veículos e outros materiais de transportes foram as que mais se destacaram pela negativa.

No primeiro caso, a descida foi de 44,4% (-13,5 milhões de euros), e, no segundo, foi de 41,9% (-42 milhões).

Fonte: Público 

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