Saiba mais sobre a mosca do vinagre

A Drosophila suzukii (Matsumura, 1931), (Diptera, Drosophilidae) trata-se da única espécie de drosófila (vulgarmente conhecida como mosca do vinagre) capaz de causar danos em frutos sãos. Tem elevada capacidade dispersiva e provoca danos consideráveis em diversos frutos. Não tendo sido ainda assinalada em Portugal, a informação tem por objetivo alertar para a possível introdução no país. 

Drosophila suzukii

Origem e distribuição geográfica

Espécie oriunda do Japão, onde é vulgarmente conhecida como mosca da cereja devido aos danos causados neste fruto. Foi registada pela primeira fora da Ásia, no Hawai, em 1980 e recentemente foi introduzida, quase em simultâneo, na América do Norte (2008) e na Europa (2009). Actualmente existe em Espanha (2008), França (2009), Itália (2009), Suíça (2011) e Eslovénia (2011).

Morfologia e Biologia

Mosca de pequeno tamanho (2-3 mm), de cor amarelada acastanhada e com olhos vermelhos . Na fauna portuguesa constam duas espécies de drosófila que se podem confundir com Drosophila suzukiiDrosophila simulans e Drosophila melanogaster.

As três espécies são muito semelhantes em termos de morfologia apresentando bandas negras horizontais no abdómen com uma pequena banda vertical no centro das horizontais. Os machos de D. suzukii são facilmente identificáveis pois apresentam uma mancha negra nas asas  e dois pentes sexuais no primeiro par de patas. No caso das fêmeas, a identificação é mais difícil e pode ser confirmada pela forma característica do ovipositor.

As fêmeas procuram activamente frutos em maturação para realizarem as suas posturas. Geralmente, são colocados um a três ovos por fruto. Durante o seu tempo de vida, uma fêmea pode colocar 300-400 ovos. Os ovos são branco leitoso e apresentam dois filamentos respiratórios (geralmente a única parte visível do ovo). As larvas são igualmente brancas e permanecem no interior do fruto até à pupação, que pode decorrer no interior ou à superfície do fruto ou no solo.

A cor das pupas varia de amarela acinzentada a castanha. Estas moscas estão activas a temperaturas superiores a 10 ºC e, em condições ideais, podem ter até 15 gerações por ano.

Hospedeiros

D. suzukii infesta uma grande diversidade de frutos, sobretudo os de pequena dimensão. Existem registos de danos significativos em morangos, mirtilos, amoras, framboesas, cerejas, ameixas, pêssegos e damascos. Também pode ocorrer em uvas, figos, dióspiros e kiwis.

Danos, dispersão e impacto económico

Os danos primários são causados pelas fêmeas que perfuram a superfície do fruto para colocar os ovos (oviposição) e, posteriormente, pelas larvas que se alimentam da polpa. O fruto infestado pode colapsar alguns dias após a postura.

Os danos secundários aparecem mais tarde e são causados por outros organismos tais como fungos e bactérias, que aproveitam os orifícios de oviposição. Outras espécies são atraídas pelos frutos em decomposição tais como outras drosófilas e nitidulídeos (Coleoptera, Nitidulidae).

A dispersão é feita através do vôo dos adultos ou da circulação de frutos contendo larvas ou pupas. O transporte de plantas sem frutos não propaga esta espécie. Os frutos infestados apresentam danos como orifícios e podridões, que impedem a sua comercialização.

Monitorização e meios de combate

A monitorização deve começar um a dois meses antes do amadurecimento dos frutos. Devem ser colocadas 1-2 armadilhas iscadas por campo. O isco consiste numa mistura de fruta muito madura composta por, pelo menos, 50% de banana e o restante por fruta da época. O isco deve ser renovado cada duas semanas e quando removido deve ser queimado ou colocado no lixo em sacos de plástico fechados, para evitar fugas.

Os insectos que se destinem a ser enviados para o INRB,I.P. para posterior identificação, devem ser recolhidos todas as semanas e transferidos para tubos com álcool (70%).

A monitorização deve ser efectuada de modo a detectar o mais rápido possível a presença do organismo nocivo e possibilitar a erradicação de frutos infestados. Todos os frutos com sinais de infestação devem ser removidos do campo e destruídos, preferencialmente, por fogo. A compostagem não é um meio eficaz de destruição desta espécie pois permite o desenvolvimento do adulto.

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