Restauro da floresta após o incêndio pela adição de poliacrilamida ao solo

Por: Cristina Sousa Correia

Os incêndios florestais estão na origem de grandes perdas ecológicas que podem ocorrer tanto durante o fogo como depois do rescaldo. Com a perda da cobertura vegetal, o solo fica exposto a processos erosivos que, por sua vez, atrasam ou impedem o processo de regeneração vegetal.

Desprovido de manta vegetal, o solo perde a capacidade de absorção de água proveniente de precipitação intensa. Disto resulta um aumento na escorrência superficial, escorrência essa que transporta os sedimentos para longe, deixando o solo lixiviado. Florestas de solos pouco profundos, localizadas em terrenos inclinados, são áreas de risco acrescido em termos de erosão hídrica.

Investigadores Israelitas e Espanhóis estudaram um método alternativo para o controlo da erosão em florestas. Trata-se da adição ao solo de grânulos do polímero orgânico poliacrilamida (PAM), substância já largamente usada em agricultura na prevenção da erosão.

A utilização deste polímero em solos florestais foi testada inicialmente em laboratório usando amostras de solo queimado e simuladores de chuva. Foram também efectuados testes no terreno, em parcelas experimentais de florestas Israelitas, instaladas em encostas com declive de 40 graus.

Estas parcelas experimentais (de área conhecida) são ligadas a sistemas colectores de escorrência. (funis e bidões) na sua parte mais baixa, os quais recolhem a água e sedimentos provenientes da escorrência superficial de cada parcela.

Tanto em condições de precipitação simuladas como no terreno, a adição de PAM ao solo resultou numa diminuição da erosão. Em termos específicos, verificou-se no terreno, que a aplicação de 50 kg de PAM por hectare de floresta levou a uma diminuição da erosão na ordem dos 50%.

A adição de PAM, que custa cerca de 2.5 euros o quilo, torna-se assim num método alternativo/complementar aos outros métodos de estabilização e controlo da erosão do solo, tais como o mulch (cobertura do solo com palha ou aparas de madeira) e as barreiras lenhosas (troncos de madeira empilhados).

Estudos posteriores revelaram que a PAM é uma substância não tóxica para a vegetação existente, não afectando a germinação de sementes ou o desenvolvimento das plantas após a germinação.

Os próximos desafios nesta investigação consistem em testar este polímero em diferentes tipos de solo, estudar a natureza química do produto resultante da interacção entre o polímero e a cinza, e ainda expandir o método a áreas ardidas de maior dimensão.

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