Projeto Mais Milho

Projeto Mais Milho

No âmbito da sua política de crescimento, inovação e apoio à fileira do milho, a Anpromis e a Agromais realizaram, no passado dia 24 de setembro, em parceria com a consultora Manuela Varela Unipessoal, uma visita guiada aos diversos campos de ensaio inseridos no projeto MaisMilho, cujo objetivo principal foi contribuir para o conhecimento e divulgação de alguns fatores que possam ser limitantes para a competitividade da produção de milho no nosso país, como é o caso do Chephalosporium maydis.

Apesar de não ser certa a sua origem, são conhecidos casos desta doença no Egito, na India e recentemente em Espanha e Portugal, o que levou a organização desta iniciativa a ter uma atenção redobrada sobre este parasita vascular capaz de invadir os vasos xilémicos ao longo da planta.

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O Chephalosporium. Maydis é um fungo de solo que pode viver saprofiticamente associado à matéria orgânica, mantendo-se no solo sob a forma de micélio e esclerotos.

Em condições ecológicas favoráveis (27 a 30º), a infeção ocorre nos 35 dias após a sementeira. As plantas infetadas crescem e desenvolvem-se sem sintomas até à floração, ainda que o fungo continue a multiplicar-se e a invadir o xilema das plantas desde a raiz até à parte superior, provocando a sua morte.

Destinado a produtores, técnicos e todos os profissionais ligados ao setor de produção de milho, a ação de formação contou com a participação de cerca de 200 participantes e com várias visitas guiadas aos diversos campos de ensaio, onde foi possível analisar as várias opções escolhidas para tentar minimizar os estragos provocados pelo Chephalosporium.

Segundo Luís Vasconcellos e Souza, «é fundamental apoiar tecnicamente os nossos produtores de forma a garantir a sua constante competitividade. Apesar do milho possuir um elevado potencial de produção, há que não esquecer as possíveis adversidades com que nos poderemos deparar e para as quais é importante saber responder, recorrendo aos meios técnicos e ao conhecimento científico de uma cultura que se encontra em franco crescimento no nosso país».

A realização destes ensaios envolveu as empresas que aceitaram participar neste projeto, nomeadamente as empresas de sementes Monsanto, Pioneer, Syngenta e Fitó, que disponibilizaram as suas variedades para o estudo da doença. Esta iniciativa conta ainda com a participação de empresas de agroquímicos como sejam a Sapec e a Syngenta, que garantiram o melhor controlo das infestantes e pragas e as empresas de fertilização, ADP, Fertinagro, Tecniferti e Timac Agro, com um contributo muito importante ao nível da nutrição das plantas.

 

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

  •  - Evitar situações de stress nomeadamente hídrico, tanto devido a excesso como por deficit de água;
  •  - Rotação das culturas, prática que contribui para a redução da doença, uma vez que o fungo é bastante específico atacando apenas milho e tremoço;
  •  - Apostar em sementeiras mais precoces de modo a reduzir a infeção;
  •  - Fertilizações equilibradas, sobretudo em potássio (K) no solo, as quais contribuem para a redução de infeções;
  •  - Proteção fitossanitária capazes de evitar ataques de pragas (alfinetes, brocas, ácaros), doenças (Fusariose) e nemátodos sobretudo do género Meloidogyne;
  •  - Aplicação de inseticidas de solo com ação fungicida e nematodicida;
  •  - Usar sementes desinfetadas,
  •  - Enterramento dos restolhos em camadas mais profundas, abaixo da zona onde germinam as sementes, diminuindo o risco de infeção da jovem planta (35 dias);
  •  - Utilização de variedades tolerantes;
  •  - Colheitas precoces em campos infetados para evitar os estragos maiores em virtudes da acama das plantas atacadas;
  • SINTOMAS
  •  - Os sintomas desta doença traduzem-se por uma murchidão das plantas que é visível antes da floração e durante a fase de enchimento do grão, até à maturação.
  •  - As folhas apresentam um tom verde pálido metálico entre as nervuras, dobrando-se ao longo da nervura principal como se apresentassem uma ausência de rega. Ao mesmo tempo adquirem cor acastanhada e tornam-se quebradiças. A murchidão progride das folhas da base para as superiores.
  •  - A nível exterior observam-se nos colmos faixas amareladas ou castanho-avermelhadas que apresentam superfície rugosa como se o caule perdesse a sua superfície polida e lisa. Em corte transversal podem observar-se os feixes vasculares acastanhados e os tecidos envolventes adquirem aspeto oleoso.
  •  - Os sintomas na zona do colo podem variar em função do aparecimento de outros fungos secundários, tais como Fusarium, Pythium e outros, conduzindo frequentemente à podridão do colo e posterior acama.
  •  - As espigas tendem a ficar pendentes, com o tamanho reduzido e grãos mais pequenos. Nas infeções mais severas os grãos ficam pequenos e enrugados podendo mesmo não se formar.
  • CONDIÇÕES QUE FAVORECEM O ATAQUE
  •  - Temperaturas entre 27 a 30º C
  •  - Solos ácidos
  •  - Solos saturados de água e com temperaturas amenas durante o inverno
  •  - Stress ambiental (deficientes regas, má aplicação de fertilizantes e /ou pragas)
  •  - Variedades suscetíveis
  •  - Ausência de rotações (monocultura do milho)
  •  - Sementeiras tardias

 

 

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