Projeto divulga boas práticas para proteger a biodiversidade na viticultura

vinhos

Os produtores de vinho vão dispor de um manual de boas práticas para proteger e promover a biodiversidade na atividade vitícola, desde a vinha à adega, elaborado no âmbito de um projeto internacional.

O projeto "Parceria Europeia para a Proteção da Biodiversidade na Viticultura" está a ser dinamizado, em Portugal, pela associação ambientalista Quercus e a Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e junta ainda parceiros de Espanha, Alemanha e Turquia.

«A perda de biodiversidade, atualmente, é um problema a nível global quase equiparado às alterações climáticas», afirmou Paula Lopes Silva, da Quercus, que falava em Vila Real, à margem de um seminário de balanço sobre o projeto.

Segundo a responsável, a agricultura é, hoje em dia, um dos principais responsáveis pela perda de biodiversidade, nomeadamente através da redução de habitats de algumas espécies, da aplicação de herbicidas ou o desgaste dos terrenos.

O projeto debruçou-se sobre a viticultura, devido à importância económica desta atividade, e delineou um plano de ação, «prático e acessível», que identifica cerca de 110 boas práticas a aplicar na vinha e na adega.

«Este é um projeto sobretudo de divulgação e formação. Não é um projeto que tenha propriamente gerado conhecimento científico, mas em que tentamos congregar o conhecimento já existente, das boas práticas já existentes, nos quatro países», salientou Paula Lopes da Silva.

Segundo Cristina Carlos, da ADVID, os produtores do Douro já aplicam várias técnicas amigas do ambiente, como, por exemplo, a construção de muros de pedra seca, as sebes, o enrelvamento, a diversidade de castas ou a confusão sexual, utilizada contra a traça da uva.

Os muros, para além de servirem de suporte à instalação das vinhas na encosta, oferecem abrigo e proteção para aves, répteis ou insetos. O arrelvamento e outras infraestruturas ecológicas (arbustivas ou arbóreas) oferecem habitat, abrigo e alimento a muitos organismos benéficos como joaninhas ou parasitoides os quais, por sua vez, reduzem a presença de pragas na vinha.

Técnicas que ajudam ainda na redução da aplicação de herbicidas e pesticidas.

A adega pode também contribuir para a melhoria da biodiversidade, através do tipo de produtos, mercadorias e materiais comprados. Por exemplo, a opção por rolhas de cortiça, um recurso 100% sustentável e renovável, que pode ser reciclado numa série de novos produtos.

O projeto internacional inclui ainda a criação de guia de bolso sobre a biodiversidade em viticultura, que descreve as principais espécies que podem ser identificadas pelos produtores, desde os organismos benéficos às pragas e espécies prejudiciais.

Foram ainda produzidos pequenos vídeos protagonizados por viticultores que dão o exemplo das técnicas que já utilizam.

O projeto é financiado pelo Programa Erasmus+ da União Europeia, arrancou em 2015 e tem duração até 31 de agosto de 2018.

Fonte: Lusa 

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