Projeto alimentar português "pesca" atenção das Nações Unidas
Há uma equipa portuguesa que está a tentar pescar a atenção das Nações Unidas. A solução consiste num projeto-piloto que integra toda a cadeia de produção de peixe em aquacultura em Moçambique. A proposta foi elaborada por quatro alunos do The International MBA da escola de negócios portuguesa Porto Business School e será apresentada em julho de 2021 na cimeira de sistemas alimentares da ONU, marcada para Roma, em Itália.
«Já há alguns projetos de aquacultura mas a nossa solução é criar uma cadeia local integrada para alimentar as comunidades», adianta ao Dinheiro Vivo a porta-voz da equipa Inbbictus. Ana Barros, André Lhamas, Frederico Antas e Tobias Azevedo são os quatro elementos deste projeto e entraram nesta aventura em março. Ganharam o primeiro prémio, de 10 mil dólares (8490 euros).
Alimentar os peixes com concentrados de proteína produzidos por insetos é a ideia do projeto "De-bugging Food Systems". A principal novidade é que existe um centro integrado, onde convivem as três etapas da produção em aquacultura: vários centros de produção de peixe, próximos das unidades onde se multiplicam os insetos e também dos centros de distribuição.
O projeto português conta com dois tipos de peixe: tilápia, de água doce; dourada, de água salgada.
A alimentação dos peixes por insetos tem vários benefícios para o ambiente: a produção de um quilo da proteína de inseto consome apenas 15 litros de água e tem menos 10 vezes menos emissões do que no processo convencional.
Com este projeto, a equipa quer aumentar o consumo de peixe per capita na África Subsariana dos atuais 8,9 quilos por ano para os cerca de 20 quilos em 2030.
A aposta em cadeias de produção integradas locais está relacionada com os efeitos da pandemia no sistema alimentar. Com as unidades próximas entre si, as operações têm menores impactos ambientais.
A ideia original foi apresentada na Global Case Competition, iniciativa onde são apresentadas ideias de 65 escolas de negócios de todo o mundo. Nesta edição, competiram 85 equipas, algumas das quais de escolas de negócios como Londres e Berkeley. A equipa portuguesa superou todas as etapas até chegar à final.
Toda a competição decorreu em formato remoto: nas eliminatórias, as equipas tiveram apenas 24 horas para analisar o caso de estudo. Na semifinal, foram dadas duas semanas para aprofundar a solução.
No futuro, se a ideia for bem sucedida, será preciso pescar financiamento através de fundos privados, agências governamentais, banco de investimento e de desenvolvimento ou até mesmo junto das Nações Unidas.
Fonte: Dinheiro Vivo