Produtos certificados nacionais atingem o dobro do preço

O valor de venda de um produto agroalimentar ou bebidas com o certificado de Denominação de Origem Protegida (DOP) ou de Indicação Geográfica Protegida (IGP) atinge, em média, o dobro do preço dos produtos idênticos sem certificação, segundo um estudo divulgado pela Comissão Europeia com base em dados dos 28 Estados-membros, numa análise a sete anos.

Queijo Serpa DOP

O estudo baseou-se em 3207 nomes de produtos protegidos nos 28 Estados-membros no final de 2017. No final de março de 2020, o número de nomes protegidos aumentou para 3322, de acordo com uma atualização da CE.

Existem inúmeros exemplos demostrativos dessa diferença em Portugal. As Alheiras de Vinhais com o selo de IGP custavam dez euros por quilo, enquanto o produto similar sem a certificação custava cinco euros, de acordo com um inquérito aos agrupamentos de produtores, relativo a 2018, da Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural. O Requeijão da Serra da Estrela DOP custava 1,10 euros por quilo mas, sem certificação, ficava por 0,80 euros. O mesmo acontecia com o Presunto Alentejano IGP, que custava 45 euros por quilo para a versão com certificado e 28 euros para o produto sem o selo de proteção de origem.

A forte valorização destes produtos também se afere pela popularidade com que são aceites no mercado. Os 187 produtos DOP e IGP, contabilizados em Portugal no final de 2017, atingiram um valor de vendas na ordem dos 1,848 mil milhões de euros naquele ano, mais 49% face a 2010.

O valor total das vendas reparte-se por três segmentos, todos eles com selo de proteção. s produtos agrícolas representaram 165 milhões de euros, a parte dos vinhos 1,676 mil milhões de euros e a das bebidas espirituosas 5,601 milhões de euros, donde se conclui que os vinhos certificados respondiam por 91% do valor das transações deste tipo de bens.

A importância do setor do vinho para o contexto nacional

A faturação dos vinhos DOP e IGP resultou das vendas de 4,392 milhões de hectolitros, em 2017, e significou mais 44% em valor, e mais 25% em quantidade, face a 2010, e um peso de 4% na UE. Nesta matéria, o país ficou em 5.º lugar no ranking, depois da França, Itália, Espanha e Alemanha.

O preço por litro também tem vindo a subir: 3,07 euros, em 2015, passou para 3,31 euros, cinco anos depois, para chegar aos 3,82€, em 2017, com o Alentejo, Lisboa e o Norte a assegurarem as principais produções.

O maior retorno por via das exportações foi igualmente assegurado pelos vinhos certificados. Em 2017, totalizaram 1,387 mil milhões de euros, mais 14,7% face a 2010, enquanto os bens agrícolas apenas exportaram 83 milhões de euros. Apesar da diferença no peso que os vinhos têm, dos 187 produtos certificados, a maior parte(136) era agrícola (72 IGP e 64 DOP). Nos vinhos há apenas 40 referências (30 DOP e 10 IGP).

A situação atual da pandemia da Covid-19 poderá comprometer este crescimento a longo prazo. 

IGP agrícolas com crescimento de 1395%

Neste contexto, apesar de os DOP estarem em menor quantidade, com apenas 64 referências, estes traduziram-se num valor superior nas vendas, face às IGP, ao registarem um montante de 124,5 milhões de euros, mais 78% face a 2010. No entanto, as IGP tiveram o maior aumento: 1395%, para 40,8 milhões de euros.

Só em vendas de frutas, vegetais e cereais com Indicação Geográfica, Portugal alcançou 112 milhões de euros em 2017, mais 181% do que em 2010, representando um peso de 6% na totalidade da União Europeia, e também o sexto país no ranking neste capítulo.

Para produtos agroalimentares, 11% do valor das vendas, em 2017, foram para mercados de exportação, com destaque para as vendas dentro da UE, onde houve cum crescimento e 73% ,entre 2010 e 2017.

FONTE: Dinheiro Vivo

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