Produtores de Leite pedem intervenção do Presidente da República

A APROLEP – Associação dos Produtores de Leite de Portugal saúda a atenção que o Senhor Presidente da República dedicou hoje à produção de leite através de uma visita à Sociedade Agrícola Carreira Gonçalves, em Esposende.  Trata-se de uma empresa agrícola familiar que há várias gerações se dedica à produção de leite e carne.

Vaca

Na visita, o Senhor Presidente da República teve oportunidade de confirmar as condições de bem-estar em que as 180 vacas leiteiras estão alojadas, visitar a moderna sala de ordenha e o armazenamento do leite que cumpre com todas as regras de segurança alimentar, elogiando o leite e os excelentes queijos nacionais produzidos em várias queijarias familiares e cooperativas, que teve oportunidade de provar. No âmbito da visita, a APROLEP pediu a atenção e intervenção do Senhor Presidente da República sobre alguns dos temas que mais preocupam os agricultores e produtores de leite:

Preço do leite e custos de produção

Em fevereiro de 2021, o preço médio ao produtor foi 30 cêntimos/kg, o terceiro mais baixo da Europa. Não temos qualquer indicação de subida desse preço. Em dezembro de 2020 o preço da ração começou a subir. Há agricultores a pagar 40 cêntimos por kg de ração. Apesar de ser apenas 20% da quantidade total de alimento ingerida por uma vaca, a ração representa 50% dos custos de uma vacaria. Este aumento das rações representou um aumento nos custos de 2 cêntimos por litro de leite, sem qualquer compensação até ao momento.  Isto causa uma grande revolta, preocupação e desânimo entre os produtores de leite. Os mais velhos abandonam, sem haver sucessores porque o rendimento atual não paga o investimento necessário e o trabalho dos agricultores.

Redução das ajudas da PAC

O preço baixo do leite tem sido mitigado, ao longo dos anos, com as ajudas da PAC, mas no final de 2020 fomos confrontados com perspetivas que apontam uma enorme redução dessas ajudas anuais. Tem sido apontada pelo Ministério da Agricultura a hipótese de compensar essa redução com um ajuste dos pagamentos ligados e a introdução de "eco-regimes", mas nada está definido e a preocupação do setor é grande face à incerteza sobre o orçamento disponível para essas medidas.

Vaca leiteira

A imagem negativa da agricultura e da pecuária nas escolas e na comunicação social

Os produtores de leite encaram com apreensão e indignação a imagem negativa da produção agrícola e pecuária veiculada através dos meios de comunicação, de reportagens e documentários exibidos na televisão pública, das redes sociais e dos manuais escolares, onde os agricultores são injustamente acusados de ser a principal fonte de poluição do solo, das águas e de maltratar os animais.

As vacas são apontadas como causadoras do aquecimento global, mas os dados da Agência Portuguesa do Ambiente mostram que a agricultura representa apenas 10% da emissão de Gases de Efeito de Estufa (GEE), metade dos quais na pecuária. As vacas leiteiras são apenas 16% do total de bovinos existentes em Portugal, pelo que as emissões do setor devem representar menos de 1% das emissões do nosso país.

No caso específico das vacas leiteiras, os dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente apontaram uma redução de 18% da emissão de metano entre 1990 e 2017, devido à redução do efetivo leiteiro. Isso é confirmado pelos dados do último recenseamento agrícola, que apontaram uma redução de 11% no número de vacas leiteiras entre 2009 e 2019.

 Convém ainda destacar que o carbono libertado pelos animais faz parte de um ciclo e foi antes captado pelas plantas com que os animais se alimentam. Fazendo o balanço de todo o complexo agro-florestal, contabilizando o carbono captado nas pastagens e floresta, estima-se que o setor contribua apenas com 1% das emissões de GEE em Portugal, sendo, portanto, abusiva e tendenciosa a tentativa de atirar para a agricultura e para as vacas a culpa do aquecimento global.

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