Primeiro censo mundial de plantas revela que mais de 20% estão em perigo

De acordo com o primeiro censo global da flora elaborado pelo centro botânico Kew Gardens de Londres, 21% das plantas de todo o mundo estão em perigo de extinção. 

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O censo catalogou a existência de quase 391 mil espécies de plantas em todo o mundo. «Já havíamos elaborado relatórios sobre a situação global das aves, tartarugas marinhas e até mesmo de pais de família. Mas, apesar da sua grande importância, esperávamos ainda um censo sobre as plantas. Ele já está feito», disse Kathy Willis, diretora científica dos jardins botânicos reais de Kew, no oeste de Londres. 

«Dada a importância fundamental das plantas para o bem-estar humano, para a alimentação, combustível e regulação do clima, é importante sabermos o que acontece», acrescentou Willis sobre o primeiro relatório, que terá uma periodicidade anual. 

Mais de 391 mil espécies de plantas vasculares, que possuem raiz, caule e folhas, e um sistema vascular que permite a circulação de água e elementos nutritivos, foram pesquisadas para o relatório «Estado das plantas no mundo», um número que poderia crescer nas próximas edições, porque a cada ano duas mil novas plantas são descobertas, principalmente na Austrália, Brasil e China. Cerca de um décimo dessas plantas servem para alimentar ou curar. 

Estudos anteriores haviam apresentado conclusões muito díspares sobre o número de plantas ameaçadas de extinção, de 10 a 6%. Para os botânicos do Kew Gardens, trata-se de 21% das espécies. 

O interesse de publicar anualmente o estudo «é o de observar as tendências», disse Steve Bachman, coordenador do relatório. «Se não examinarmos essas informações, preenchermos as lacunas do conhecimento e fizermos algo, estaremos numa situação perigosa», disse Willis. 

Sensibilizar o público sobre a ameaça a uma planta é muito mais difícil do que no caso dos elefantes africanos, tigres de Bengala ou florestas tropicais. E, no entanto, «as florestas cobrem apenas uma pequena parte do mundo vegetal», afirmou a diretora científica do Kew Gardens. «Acho extraordinário que nos preocupemos com o estado global das aves, mas não das plantas», disse Willis. 

De acordo com o relatório, a principal ameaça para as plantas vem da agricultura, por causa da lavoura excessiva. A construção, doenças e pesticidas são outros fatores prejudiciais. Em contrapartida, as alterações climáticas têm tido, até agora, um papel marginal. 

«No entanto, não devemos esquecer que às vezes leva 30 anos para a próxima geração de plantas produzirem flores e pólen. Portanto, não podemos medir o impacto real das mudanças climáticas até 2030», disse Willis, que pediu «vigilância». 

O documento tem 80 páginas e uma versão na web que reúne informações de outros estudos para criar um banco de dados. «Foi um trabalho enorme que envolveu mais de 80 cientistas. A ideia era recolher, condensar e tornar legível o conhecimento disperso para atingir o maior número possível de pessoas», explicou Steve Bachman. 

Fonte: Lusa

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