Portugal é o segundo maior fornecedor de framboesas da Alemanha
A Alemanha nunca comprou tanta fruta a Portugal. Pera rocha é a campeã. Exportações mais do que duplicaram em 2015 e os alemães passaram de décimo para quinto principal comprador de frutas e legumes portugueses. Esta semana, 30 empresas marcam presença na maior feira do setor em Berlim.
As exportações de frutas e legumes para a Alemanha mais do que duplicaram em 2015 e atingiram, entre janeiro e novembro, o valor mais elevado dos últimos cinco anos.
Portugal, que na próxima semana marca presença na maior feira do sector da Europa, a Fruit Logistica, exportou para aquele país produtos no valor de 45 milhões de euros em 11 meses, 155% acima do que foi vendido no mesmo período de 2014, indicam os números mais recentes do INE e compilados pela AICEP, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
Com a subida expressiva de 17,7 milhões para 45 milhões de euros, a Alemanha passou de décimo para quinto principal comprador, ultrapassando o Brasil. Espanha continua a ser o maior cliente de Portugal no que toca a frutas e legumes, a larga distância de França, dos Países Baixos e do Reino Unido, que ocupam a segunda, terceira e quarta posições, respetivamente.
Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh (associação que reúne os principais produtores), lembra que o país de Angela Merkel é o maior importador europeu de frutas e legumes frescos e um «mercado estratégico» para as exportações nacionais.
Portugal ainda tem uma quota reduzida como fornecedor de fruta dos alemães (0,22%), por isso, oportunidades para crescer não faltam. O ano passado, foi o país convidado na Fruit Logistica e levou 44 organizações e empresas nacionais para mostrar o que de melhor se produz.
A expectativa da Portugal Fresh era triplicar as vendas para a Alemanha e, um ano depois, faltou pouco para atingir a meta. «Definitivamente Portugal não é apenas um destino de sol e praia e gente simpática e acolhedora, somos também um povo trabalhador que produz produtos de excelência, de que muito nos orgulhamos, como é o caso das frutas, dos legumes e das flores», destaca Manuel Évora.
Nas prateleiras dos supermercados alemães já se encontra framboesa, pera rocha, couve e batata portuguesas.
O presidente da Portugal Fresh diz ainda que, no caso da framboesa, Portugal é já o «segundo país no ranking mundial das importações alemãs, com cerca de 30 milhões de euros em 2015».
«Também relevante no caso da pera rocha é o crescimento de 53% de exportação para este mercado em 2015 que atingiu cerca de sete milhões de euros», continua.
Um acordo de venda com a cadeia Lidl, conseguido no ano passado, também foi determinante para impulsionar as exportações para a Alemanha e ajudar os produtores a diversificar clientes, numa altura em que o embargo da Rússia fez aumentar a quantidade de fruta disponível no mercado europeu e baixar os preços.
«Na campanha passada, que por vezes não é coincidente exactamente com o ano civil, exportámos cerca de 5000 toneladas de frutas e legumes para a Lidl na Alemanha. Os principais produtos foram a pera rocha (2500 toneladas), a melancia e o melão (2000 toneladas) e framboesa (500 toneladas», revela Manuel Évora, acrescentando que esta «dimensão» só foi (e será) possível de concretizar se houver estratégias conjuntas.
A Portugal Fresh, exemplifica, envolve «15 organizações de produtores e mais de 1000 agricultores a negociarem a uma só voz». Para este ano, prevê-se um «considerável aumento das exportações» para as lojas alemãs, já que na campanha agrícola mais recente se venderam mais de 4000 toneladas de pera rocha.
Em termos globais, entre janeiro e novembro de 2015 o desempenho das exportações de frutas e legumes foi melhor do que a soma de todas as exportações nacionais.
Enquanto as vendas destes produtos agrícolas aumentaram 13% face a 2014, o comércio internacional do país progrediu 4% (excluindo serviços). Manuel Évora destaca ainda o equilíbrio cada vez maior da balança comercial. «Estamos à beira de igualarmos o valor exportado face ao importado».
A partir de terça-feira (2 de fevereiro), em Berlim, 30 empresas vão tentar conquistar novos clientes na Fruit Logistica, onde terão de se diferenciar dos restantes 139 países participantes.
O objetivo é atingir os 2000 milhões de euros de exportações em 2020, uma meta «alcançável» para os produtores. «Já devemos ter passado os 1200 milhões em 2015», diz Manuel Évora.
Fonte: Público