Politécnico de Viana do Castelo integra projeto de recuperação do setor e produção de castanha no Minho

A luta biológica contra a vespa-das-galhas-do-castanheiro no Minho apresenta resultados “promissores” e as perspetivas dos estudos realizados indicam que “o problema estará resolvido daqui a alguns anos”. Os estudos foram avançados no 2.º Dia Aberto do Grupo Operacional BioPest no Minho, que está inserido no projeto "BioPest: Estratégias Integradas de Luta contra Pragas Chave em Espécies de Frutos Secos", no qual o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) é um dos parceiros.

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As dificuldades que o setor enfrenta como resultado dos prejuízos causados pela vespa-das-galhas-do-castanheiro, Dryocosmus kuriphilus, praga presente no Minho desde 2014, foram dadas a conhecer durante o encontro, que decorreu na Junta de Freguesia de Gondufe, em Ponte de Lima, confirmando assim a importância de dar continuidade aos estudos “muito relevantes” para se conseguir dar resposta à recuperação do setor produtivo e à produção de castanha no Minho, que se reconhece de “grande qualidade”.

Representantes de parceiros do projeto (Escola Superior Agrária do IPVC, Associação Portuguesa da Castanha – REFCAST e Associação Florestal do Lima - AFL) divulgaram ainda os resultados obtidos no Minho desde 2018, quer ao nível da dispersão e gravidade da praga, quer das largadas efetuadas e da eficácia dos tratamentos biológicos com o parasitoide Torymus sinensis. “Estamos a estudar a bioecologia da praga, a perceber como o inseto reage nas condições agroclimáticas na região do Minho e a avaliar a utilização do parasitoide exótico, inseto importado de Itália com a autorização da Autoridade Fitossanitária Nacional, de acordo com o Plano Nacional de Luta contra a vespa-das-galhas-do-castanheiro”, explica a responsável pelo projeto no Minho, a docente e investigadora da ESA do IPVC, Luísa Moura.

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A equipa de trabalho está a verificar de que maneira estão a ser eficazes as largadas destes insetos todos os anos para reduzir a propagação da praga. “O parasitoide instalou-se na região de forma diferente em diferentes soutos, em função das condições climáticas. Verificamos que a percentagem de parasitismo é ainda baixa”, refere a investigadora, admitindo que “não é de estranhar” já que se trata de um inseto exótico que tem que se adaptar. No entanto, as perspetivas “são boas” e Luísa Moura acredita que “dentro de alguns anos o problema poderá estar resolvido”, mas “é preciso continuar a trabalhar”.

Para além do parasitoide exótico, existem parasitoides autóctones, ou seja, insetos que fazem o mesmo trabalho em relação à praga e que existem naturalmente no ecossistema do castanheiro e dos carvalhais. “O problema aqui é que estes parasitoides autóctones não estão sincronizados com a praga. Enquanto o exótico, utilizado em todo o mundo, tem um ciclo de vida sincronizado com a praga, os autóctones não estão tão sincronizados com a praga. São importantes, mas não são suficientes para, isoladamente, combaterem a vespa-das-galhas-do-castanheiro”, justifica a investigadora, garantindo que se está “no bom caminho”.

O projeto termina em dezembro deste ano, mas a investigadora deixa o alerta para a necessidade de dar seguimento ao trabalho que está a ser desenvolvido. “Teremos que nos candidatar a novos financiamentos para prosseguir com o trabalho, que é fundamental”, assumiu a investigadora, lembrando que “os produtores estão sem rendimento há muitos anos e a preocupação é muito grande”.

Ainda durante o 2.º Dia Aberto, os participantes deslocaram-se ao souto em Gondufe, onde observaram junto de castanheiros atacados, as galhas afetadas pela praga e o resultado do tratamento biológico com T. sinensis, observando a presença da praga e de parasitoides no interior das galhas.  João Paulo Antunes, empresário agrícola e proprietário do souto onde se localizam os ensaios do Grupo Operacional no Minho, Mariano Freitas (AFL), Rui Carneiro (RefCast), Rosalina Marrão (CNCFS), Amaro Amorim e Luísa Moura (ESA/IPVC) apresentaram as suas experiências pessoais de gestão e visão estratégica sobre esta praga, numa ótica de interligação entre a investigação e o setor produtivo.

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