Pinheiro manso: fileira enfrenta redução «brutal» ao nível da produção de pinhal

A produção de pinha tem registado, desde 2011, uma redução «brutal», que pode chegar aos 90%, estando os responsáveis da fileira do pinheiro manso à procura de explicações e de soluções.

Quem o afirma é Pedro Silveira, diretor da União da Floresta Mediterrânica (UNAC), que salienta que depois da campanha de 2010/2011, em que houve uma «superprodução» de pinha, a produção «baixou brutalmente» e, apesar de em algumas regiões, como o litoral alentejano, já se registar melhorias, em «muitos casos» a redução pode situar-se nos 90%.

O problema é «devastador» não só para produtores e industriais, mas também para a comunidade que subsiste do setor, como sejam as pessoas que trabalham na apanha da pinha, que é feita manualmente, referiu.

De acordo com Pedro Silveira, a situação resulta da «conjugação» de três fatores: das alterações climáticas, da capacidade de resposta das árvores às condições do meio ambiente e de doenças e pragas.

Para o responsável, é essencial «quantificar e perceber qual é a influência de cada um» destes fatores no problema, bem como «arranjar soluções», sendo que estão algumas medidas «na calha» e há já projetos em curso de regadio com pinheiros mansos.

A rega permite, segundo o dirigente, «gerir muito melhor o clima», no entanto, é preciso avaliar se «efetivamente vale a pena ou não».

«Meter áreas de pinhal importantes debaixo de regadio tem custos extraordinários e só vale a pena fazer se for economicamente viável», sustentou.

Os atuais desafios da fileira do pinheiro manso precisam de ser estudados e investigados, razão pela qual a UNAC organiza um seminário, na sexta-feira, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.

Com o título ‘Avanços no conhecimento na fileira do pinheiro manso’, o seminário representa a primeira iniciativa no âmbito da recente constituição do Centro de Competências do Pinheiro Manso e do Pinhão, cuja sede será na Mata Nacional de Valverde, no concelho alentejano de Alcácer do Sal.

Um dos objetivos deste centro é construir a «agenda» de investigação a nível nacional nesta área, sendo o evento um primeiro passo neste sentido, explicou Pedro Silveira.

A intenção é elaborar um guião que oriente a investigação a longo prazo, também para evitar que as instituições de investigação «entrem em concorrência entre elas», trabalhando em projetos sobre as mesmas questões, o que o dirigente considera «extremamente negativo, principalmente num cenário em que há escassez de recursos».

De acordo com dados da UNAC, em 2013, havia mais de 175 mil hectares de pinheiro manso em Portugal, que representavam cerca de 6% da floresta nacional, com destaque para o Alentejo, que produz 67% das pinhas nacionais e 15% das pinhas mundiais.

A capacidade produtiva da pinha é estimada num valor económico que se situa entre os 50 e 70 milhões de euros por ano.

Fonte: Lusa 

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip