Percevejos asiáticos são um perigo que circunda Portugal

A espécie, originária da Ásia, tem vindo a instalar-se progressivamente na América do Norte e na Europa. Os especialistas acreditam que a espécie irá, de forma inevitável, acabar por invadir o território nacional. As consequências serão sentidas no setor agrícola e no âmbito da saúde pública.

Durante o início do ano corrente, o inseto já foi encontrado em Pombal, em material agrícola italiano. Contudo, até então, ainda não existem quaisquer indícios da sua instalação em Portugal. Caso aconteça, a espécie pode provocar danos perigosos na fruta dos pomares. Na Itália, o percevejo tem atacado diferentes zonas, o que está a preocupar os agricultores. Na restante Europa, começam-se a utilizar medidas preventivas. 

Para sensibilizar a população em geral, e os produtores agrícolas em particular, uma equipa do FLOWer Lab (Centre for Functional Ecology), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), iniciou uma campanha de sensibilização sobre a problemática desta praga.

A campanha, insere-se no projeto i9Kiwi e inclui vários materiais de divulgação, entre os quais "panfletos acerca do percevejo asiático, difundidos em formato físico ou através das redes sociais, bem como a realização de comunicações públicas e publicações técnicas, alertando para a problemática deste inseto", é possível ler-se no comunicado emitido pela organização.

Os investigadores apelam também à participação de todos os cidadãos através da partilha no grupo de Facebook "Percevejo asiático (Halyomorpha halys) PT", ou via e-mail (h.halys.i9k@gmail.com). Tal como acontece com a vespa velutina, o público em geral deve avisar na hipótese de avistar a espécie.

João Loureiro, investigador do FLOWer Lab, «o estabelecimento de mais uma praga agrícola no nosso país, especialmente de um inseto picador-sugador capaz de se alimentar em mais de 300 espécies de plantas nas suas diferentes estruturas (frutos, folhas, rebentos...), incluindo inúmeras plantas de interesse agrícola, poderá ter efeitos muito negativos para a agricultura».

O percevejo alimenta-se de abril a novembro e é nessa altura que ataca os produtos agrícolas, podendo provocar cicatrizes, depressões, descolocações, deformações ou destruição plena. Estes ataques podem prejudicar mais de 90% das culturas que se realizam em território nacional, como o tomate, a pera e a laranja. 

Entre dezembro e março, a espécie procura abrigo no interior de casas e barracões, o que pode causar um mau odor intenso. 

Hugo Gaspar, outro investigador do FLOWer Lab, observa que «o clima favorável em Portugal, a rápida progressão observada e os danos agrícolas e de saúde pública com difícil combate, e a intersecção verificada em Portugal no início do ano, tornam imperativo trazer o conhecimento ao público e assim tentar evitar a expansão silenciosa. O estado de alerta é a melhor medida que podemos tomar neste momento e a ajuda de todos é essencial, principalmente através da participação ativa dos produtores agrícolas».

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