Perceção dos consumidores sobre o bem-estar animal em animais de produção

A percepção dos consumidores é cada vez mais tida em conta quando se fala em saúde, produção e bem-estar animal. Para se estudar a percepção dos consumidores são necessárias equipas multidisciplinares já que estas envolvem factores sociais, culturais, de conhecimento, entre outros. Com este trabalho revemos alguns estudos sobre percepção dos consumidores em bem-estar animal de animais de produção.

Por: Teresa Letra Mateus, João Pedro Miranda, Letícia Rodrigues Dias e Zita Martins Ruano

Palavras-chave: bem-estar animal, percepção de risco, consumidores, saúde pública.

Introdução

Os estudos sobre a percepção dos consumidores sobre questões de saúde pública ou de produção animal, nomeadamente sobre bem-estar animal, sãocada vez mais frequentes. O objectivo deste trabalho foi fazer uma breve revisão sobre a percepção dos consumidores relativamente ao bem-estar animal dos animais de produção (nomeadamente aves de capoeira e bovinos de leite) e à segurança dos alimentos provenientes desses animais.

Na generalidade os consumidores consideram a carne como sendo um alimento saudável e importante na dieta, apoiando também o desenvolvimento tecnológico para garantir a qualidade, porém têm uma visão negativa da transformação excessiva e falta de “naturalidade” na produção e processamento de produtos cárneos (Verbeke, Pérez-Cueto, Barcellos, Krystallis & Grunert, 2010).

Actualmente, parece existir um aumento da consciência da relação entre a saúde e a alimentação, existindo também um aumento do interesse por parte do consumidor em saber a origem e modo de produção dos alimentos que compra e come. Por isso, o consumo de carne está a ser cada vez mais influenciado por questões nutricionais e de saúde, do que pela segurança alimentar propriamente dita.

Os consumidores solicitam à produção um aumento da qualidade intrínseca da carne, mas também uma melhoria nas condições de bem-estar animal e sustentabilidade, nomeadamente ambiental (McKendree, Croney, & Olynk Widmar, 2014).

Contudo, parece haver alguma incongruência já que, segundo Verbeke et al., 2010, os consumidores expressam essas preocupações, no entanto no momento da compra parecem não levar essas questões em conta. Segundo os mesmos autores, os consumidores relacionam também as qualidades extrínseca e intrínseca da carne, sendo estas últimas mais valorizada pelos consumidores britânicos.

Por outro lado, em Espanha e na Alemanha valorizam mais a qualidade extrínseca tal como o preço, a data de validade, a marca e as certificações. Referem ainda estes autores que existe também a crença de que quanto mais processada for a carne, menos saudável será.

Tipicamente, os consumidores definem o bem-estar animal como capacidade de expressar comportamento natural. Portanto, acredita-se que estes terão preferência por sistemas de produção com acesso ao exterior (Verbeke et al., 2010), porque os consumidores associam esses sistemas a um nível mais elevado de bem-estar animal. Em contraste, os produtores geralmente definem o bem-estar animal numa abordagem mais biológica e funcional (Yunes, Von Keyserlingk & Hötzel, 2017).

O bem-estar animal tornou-se um atributo associado ao produto cada vez mais importante para os consumidores (Vanhonacker & Verbeke, 2009) e consequentemente está a atrair uma crescente atenção como uma questão política também (Vanhonacker, Tuyttens & Verbeke, 2016). Assim, as actividades de marketing em relação à origem poderiam beneficiar de uma associação positiva com o bem-estar animal na produção também.

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Nota: Este artigo foi publicado na Agrotec Nº31

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