Orizicultores reclamam mais apoios na promoção da fileira do arroz

cultura do arroz

O arroz carolino é a espécie mais produzida em Portugal mas o seu consumo continua abaixo do esperado pela fileira. E, apesar de os portugueses estarem no primeiro lugar da tabela ao nível do consumo per capita na Europa, reclamam-se medidas de promoção e de apoio aos orizicultores. Isménio de Oliveira, coordenador da Associação Portuguesa dos Orizicultores (APOR), traça ao Agronegócios a radiografia de um setor que gera anualmente 60 milhões de euros e que faz do país o quarto maior produtor europeu.

Isménio de Oliveira, coordenador da APOR, diz que olhando para os dados dos últimos anos no setor, registou-se um aumento da área cultivada de 27 mil para 30 mil hectares de arroz.

«Produziu-se cerca de 190 mil toneladas de arroz, das quais 165 mil toneladas são de arroz carolino e cerca de 25 mil de arroz agulha», informa.

Em 2014, o país exportou 32,4 milhões de euros de arroz carolino e importou 49,3 milhões de arroz agulha, avança o responsável da APOR.

Isménio de Oliveira considera que a produção de 2014 «teve um decréscimo de cerca de 30% devida a condições atmosféricas adversas, e ao fungo da pyryculária que afetou principalmente a produção do Baixo-Mondego».

Neste ano de 2015 ainda não é possível «equacionar números», já que o início da cultura está, para já, «a decorrer normalmente».

Em termos de produção, o dirigente explica que é possível aumentá-la. Recorda que existem três zonas de produção em Portugal: Vale do Mondego (distrito de Coimbra), Vale do Sorraia (distrito de Santarém) e Vale do Sado (distrito de Setúbal) e, em pequena escala, no Vale do Vouga (distrito de Aveiro); as zonas mais férteis são o Vale do Sado e Vale do Sorraia devido à luminosidade e temperatura mais alta.

«Enquanto que neste vales a produção por hectare é superior a sete toneladas, no Vale do Mondego não ultrapassa as seis», realça Isménio de Oliveira.

Para o coordenador da APOR, no Vale do Mondego «pode-se aumentar, em muito, a produção quando os principais vales periféricos (Vale do Pranto e Vale do Arunca) tenham o emparcelamento agrícola realizado».

Questionado sobre os preços, o responsável diz que «algumas grandes superfícies têm feito promoções de arroz principalmente importado, em que o quilo de arroz vendido ao público não chega aos 50 cêntimos/Kg, o que põe muitas dúvidas em relação aos custos de produção».

Promoção, precisa-se

Questionado sobre a importância dada pelo poder político ao setor, o dirigente da APOR afirma que «muito pouco tem sido feito pelos vários governos nos últimos anos, quer no que toca à fiscalização, às importações ou ao problema dos preços praticados na venda ao público por parte das grandes superfícies».

Sobre os principais problemas que afetam a orizicultura e os agricultores, Isménio de Oliveira não tem dúvidas: «há uma falta de intervenção do Governo na dinamização da promoção do arroz nacional, em particular o carolino, considerado o melhor da Europa. Há falta de organização dos produtores em OPP's dada as exigências elevadas em termos de valores de transação de arroz para a sua criação».

Além disso, acrescenta, falta cumprir a finalização do emparcelamento agrícola no Baixo-Mondego «por manifesta inércia dos últimos governos, além do problema dos preços baixos na produção».

Nesta medida, a APOR tem tentado nos últimos anos, junto dos vários ministros da Agricultura, reclamado a fiscalização, alertado para a questão das importações e apelado à promoção do arroz carolino, com um preço base justo e estipulado à produção».

Entre encontros e debates com orizicultores sobre a temática do arroz, a APOR continua a «defender os direitos dos pequenos e médios agricultores», nomeadamente junto da Casa do Arroz (de que é membro).

De acordo com dados recentes da Casa do Arroz (organização interprofissional), Portugal é o quarto maior produtor de arroz da Europa, depois da Itália, Espanha e Grécia, sendo que em território nacional o valor de negócios deste setor ronda os 60 milhões de euros.

O nosso país é ainda o maior consumidor da Europa, com 18 quilos per capita por ano, o que dá cerca de 1,5 kg por mês e 50 gramas por dia.

Atualmente, em Portugal produz-se arroz no Vale do Mondego (distrito de Coimbra), Vale do Tejo e Sorraia (distrito de Santarém) e Vale do Sado (distrito de Setúbal). A maior região de produção é o Tejo (com mais hectares e produção) e o Sorraia sendo que a que produz menos é a região do Mondego.

Segundo dados da ANIA, existem no país cerca de 1500 orizicultores, numa área global de cerca de 30 mil hectares. 

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