Nova plataforma virtual vai ligar agricultores e consumidores de todo o país
A plataforma virtual “Adelaide.farm”, apresentada no Algarve, vai permitir aos pequenos produtores vender os seus produtos a preços justos, entregando-os perto da casa de consumidores de todo o país.
O projeto visa «resolver o problema de escoamento dos pequenos agricultores», embora também possa abranger grandes produtores, explicou a sua promotora, Alice Teixeira, que quer também contribuir para travar o abandono crescente da atividade agrícola por falta de viabilidade económica.
A plataforma vai ligar os produtores, que se comprometem a vender os seus produtos a preços justos e nas quantidades que quiserem, aos consumidores, que podem ter acesso a produtos nacionais da época, recolhendo-os em pontos de entrega, que se espera que estejam espalhados por todo o país.
O objetivo é que existam várias regiões Adelaide, locais onde se vão realizar as entregas, geridas por um organizador, que pode ser um agricultor ou uma cooperativa, desde que esteja ligado à atividade, e cuja função é agregar as propostas de «stock» dos produtores e tratar das encomendas, explicou Alice Teixeira.
O preço dos produtos é definido pelo produtor, que deve sempre receber mais de metade do preço final de venda, sendo também entregue ao organizador uma margem de entre 20 a 30% do valor, pelo seu trabalho.
Já a MyFarm, empresa que promove a plataforma, nascida no Instituto Politécnico de Beja, recebe uma percentagem pelas vendas: 5% no caso de serem vendas de produtos a grosso, a profissionais, e de 16%, no caso de vendas domésticas.
Os consumidores podem fazer a compra dos produtos em várias modalidades, inclusive através da gestão de uma horta visual.
Neste caso, segundo Alice Teixeira, o que se pretende «é que o consumidor se fidelize a um conjunto de agricultores e os ajude a pagar os custos de produção ao longo de um período», pagando uma mensalidade, com a duração de três, seis ou doze meses.
O consumidor pode também optar por fazer compras na modalidade de mercearia, adquirindo cabazes regionais ou produtos a granel, sendo o organizador quem define o número de produtos por cabaz e indica a quantidade mínima de compra por produto.
Para os consumidores profissionais, como restaurantes, mercearias ou mesmo outros produtores, está disponível a modalidade de venda de produtos a grosso, o que permite beneficiar de descontos, consoante as quantidades encomendadas.
Os produtores que queiram integrar o projeto devem inscrever-se na plataforma, embora a inscrição tenha que ser validada, havendo uma ferramenta simplificada de gestão na plataforma para contabilizar custos e receitas.
Segundo Alice Teixeira, o nome dado ao projeto é uma forma de homenagear uma agricultora da região de Leiria chamada Adelaide e que se viu obrigada a abandonar a agricultura por falta de rentabilidade.
Luís Miguel Campos, também parceiro no projeto, referiu que se trata de «um modelo de negócio diferente» cujo objetivo «não é ganhar dinheiro», mas sim que os agricultores possam ganhar mais e os consumidores comprar produtos de melhor qualidade a bons preços.
Fonte: Lusa