Montalegre aposta na fileira do fumeiro

Montalegre vai dispor de meio milhão de euros, no âmbito de uma candidatura ao Portugal 2020, para dinamizar a fileira do fumeiro, introduzir novos métodos de fabrico e atrair jovens à atividade, disse fonte autárquica.

fumeiro

A candidatura do projeto "Fumeiro de Montalegre – Cooperar para competir e desenvolver" foi elaborada pela Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã e dispõe de 85% de financiamento de fundos comunitários.

O vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, disse que os 500 mil euros, a investir nos próximos dois anos, «vão servir para organizar a produção e definir ações conjuntas».

O projeto inclui o desenvolvimento de um «plano estratégico âncora» de promoção da competitividade do setor, pretende estimular a competição dos agentes económicos da fileira e a adoção de boas práticas e novos métodos nos processos de fabrico do fumeiro.

Tem ainda como objetivo rejuvenescer a fileira do fumeiro de Montalegre através da atração de jovens, sobretudo dos que têm tradição familiar no negócio, para estimular a sucessão geracional e o aparecimento de novos produtos inovadores.

O projeto quer garantir a qualidade do fumeiro e valorizar a origem e modo de produção dos diferentes produtos e promover estes produtos ao nível nacional.

A candidatura inclui ainda a criação de uma plataforma (sítio na Internet), uma página de Facebook e de Linkedin e um canal do Youtube para divulgação do projeto.

O vice-presidente lamentou o «pouco arrojo empresarial» e mostrou-se frustrado pela «residual iniciativa empresarial dos produtores de fumeiro».

«Os nossos agricultores não se consideram empresários. Isso tem trazido alguma inércia, falta de ambição e de iniciativa para dimensionar estes investimentos que têm tudo para crescer. Numa fase em que a economia local precisa de um abanão, os nossos jovens queixam-se que não há emprego e nada melhor de que um autoemprego», frisou.

David Teixeira considerou que falta aos produtores «capacidade de se agregarem e constituírem uma pequena indústria». «Sempre que trabalhamos em conjunto temos menos custos e mais rentabilidade», sustentou.

A fileira do fumeiro possui já um «forte impacto» na economia de Montalegre, com muitas pessoas a trabalharem direta e indiretamente em atividades relacionadas com a produção, transformação e comercialização de produtos como o presunto, chouriça, carne, salpicão, chouriço de abóbora, morcela de sangue ou bola de carne.

No entanto, trata-se de uma atividade constituída maioritariamente por micro e pequenas empresas, muitas delas de matriz familiar e tradicional, com reduzida escala económica e financeira e que é afetada pela elevada média de idades dos agentes.

A próxima edição da Feira do Fumeiro de Montalegre, no distrito de Vila Real, realiza-se entre os dias 26 a 29 de janeiro de 2017. Uma das novidades da edição 2017 vai ser o leitão de porco bísaro.

«Vamos introduzir a oportunidade de o visitante provar e até comprar leitão. A produção dos animais para venda também não está a cumprir expectativas. Como tal, é preciso potenciar o negócio do leitão. Espero que os restaurantes também percebam isso e possam apostar no produto», salientou.

Boaventura Moura, responsável pela Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã, acrescentou que, nesta edição do certame, vai também ser colocado «um selo inviolável no presunto», vai ser «mantida a tatuagem nos porcos» e «quem desejar poderá optar por uma máquina para apertar o fumeiro em vez do habitual fio».

Fonte: Lusa 

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