Moçambique: UE e Banco ABC investem €3,9 milhões na agricultura

A União Europeia (UE) e o Banco ABC vão desembolsar cerca de 3,9 milhões de euros para apoiar cinco associações de pequenos agricultores da província de Maputo, disse o chefe da missão da UE em Moçambique.

«Esta é uma parceria única e que vai contribuir para o aumento da segurança alimentar dos pequenos agricultores, melhorando a vida económica destas comunidades», disse Sven Kuhn Von Burgsdorff, à margem da apresentação do projeto de cultivo de cana-de-açúcar para agricultores de pequena escala na província de Maputo, sul do país.

O projeto, que compreende uma extensão de 530 hectares, está a ser dirigido pela Tongaat Hulett, a maior sociedade de produção de açúcar em Moçambique, e vai beneficiar 362 agricultores das associações Graça Machel, Heróis Moçambicanos, Lhuvucane, Masintonto e Agri-Sabié, nos distritos de Magude e Moamba, na província de Maputo.

Para o financiamento, a UE, através de uma subvenção, desembolsou cerca de 1, 5 milhões de euros e o Banco ABC fez um empréstimo de cerca de 2,3 milhões de euros.

A atividade agrícola na região depende fortemente do cultivo da cana-de-açúcar, na medida em que os campos dos pequenos agricultores estão localizados a poucos quilómetros da Açucareira de Xinavane, uma das maiores do país, com uma produção anual de cerca de 200 mil toneladas e que compra uma parte da sua matéria-prima nos agricultores.

De acordo com o chefe da missão da UE, além de assegurar um emprego sustentável para as populações da região, o projeto vai obrigar os pequenos agricultores a passarem por uma formação, visando melhorar os níveis de competitividade no mercado local.

Sven Kuhn Von Burgsdorff sublinhou que Moçambique ainda possui vários desafios, assinalando a importância de um maior engajamento vindo de todos atores políticos para que o país supere a fome e a desnutrição crónica, que afecta 45 por cento das crianças moçambicanas.

«Este problema é de carater multi-sectorial e deve ser resolvido de forma integrada», alertou o chefe da missão da UE em Moçambique.

Atualmente, Moçambique tem capacidade produzir apenas 10 mil toneladas de açúcar refinado por ano, quantidade que ainda não responde às necessidades das grandes indústrias que utilizam esta matéria-prima, o que faz com que o país tenha de recorrer a importações.

Para o chefe da missão da UE, a refinação do açúcar também constitui um dos desafios para o país, como forma de aproveitar por completo o potencial do setor açucareiro.

«É preciso que o país faça a refinação cá, para aumentaremos o valor acrescentado da produção», afirmou Sven Kuhn Von Burgsdorff, garantindo que a UE vai continuar a apoiar Moçambique no setor agrário.

Por sua vez, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nyeleti Brooke Mondlane, afirmou, na ocasião que o financiamento constitui um catalisador adicional e deve ser usado para a adopção de novos métodos de irrigação, como forma de acelerar os níveis de produção na região.

«Este projeto representa a tradução em ações concretas a nível local das prioridades definidas pelo Governo no Plano Quinquenal para 2015 e 2019 e, neste contexto, gostaríamos de congratular o governo local e a UE», declarou a vice-ministra, destacando a importância da localização estratégica da Açucareira de Xinavane para os agricultores na região.

Desde 2007, a UE já desembolsou cerca de quatro milhões de euros para apoiar pequenos agricultores da região e espera, até 2017, despender mais cinco milhões de euros.

Atualmente, Moçambique possui quatro principiais açucareiras, nomeadamente as de Xinavane e Maragra, na província de Maputo, e as de Marromeu e Mafambisse, na província de Sofala, centro de Moçambique.

No total, o setor açucareiro em Moçambique emprega cerca de 35 mil pessoas, sendo o segundo com mais trabalhadores depois do Estado.

Fonte: Lusa

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