Milho: redução da colheita na África Austral gera inquietação na segurança alimentar

milho

A colheita de milho da África Austral pode passar por uma contração este ano em cerca de 26% em comparação ao resultado recorde de 2014.

Uma situação que pode provocar aumentos dos preços dos alimentos e afetar negativamente os últimos avanços na segurança alimentar, alertou a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

Para 2015, a previsão inicial da produção de milho, um alimento base em toda a subregião, situa-se em cerca de 21,1 milhões de toneladas, inferior 15% à média dos últimos cinco anos, de acordo com a FAO.

Esta queda deve-se, sobretudo, ao impacto das condições meteorológicas irregulares, incluindo o atraso das chuvas sazonais em novembro/dezembro, seguidas por fortes chuvas que causaram inundações em regiões de alguns países e logo um longo período de saca nas zonas do sul da subregião em fevereiro e princípios de março.

«No ano passado, a subregião obteve uma colheita recorde, o que fez as perspetivas para a colheita deste ano parecerem muito piores. Assim temos que ser prudentes até que os governos, em conjunto com a FAO, terminem todas as avaliações nos próximos dias», assegurou David Phiri, coordenador subregional da organização.

Uma queda significativa prevista, cerca de menos 33% em relação a 2014, na colheita da África do Sul, principal produtor e exportador da subregião, é a responsável pela maior parte da redução da produção de milho no seu conjunto.

Também se espera que Malawi e Zâmbia, segundo e terceiro maiores produtores de milho da subregião, registem menores colheitas me comparação com 2014, prevendo-se igualmente uma quebra das colheitas no Botswana, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué.

Este prognóstico menos favorável está a ter algum impacto nos mercados de cereal. África do Sul registou aumentos significativos dos preços em fevereiro, apesar da moderada subida em março depois da melhoria das chuvas.

Estes aumentos de preços podem vir a afetar, sobretudo, os países que dependem das importações de milho, como a Namíbia, onde já em fevereiro verificou-se uma subida relativamente alta dos preços.

A descida prevista da produção de milho em 2015 depois de um ano favorável, como foi 2014, quando a abundância de matérias-primas e os preços baixos contribuíram para melhorar as condições de segurança alimentar, resultado numa grande diminuição das pessoas que necessitam de ajuda alimentar na subregião como, por exemplo, no Zimbabué, onde se registou uma descida de 75%.

«Com a esperada queda da produção de milho na subregião e os aumentos de preços, a melhoria da situação da segurança alimentar pode inverter-se em 2015/2016, em especial sem intervenções oportunas. É fundamental um seguimento próximo para lançar uma ação a tempo que reduza os efeitos negativos sobre a segurança alimentar e os meios de vida das pessoas. Esta é a base dos esforços da FAO para construir meios de sobrevivência mais resistentes», assinalou Dominique Burgeon, da FAO.

Fonte: Agrodigital

 

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