Mel da Serra do Caramulo é cada vez mais procurado

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O número de colmeias tem aumentado na Serra do Caramulo graças a investimentos de jovens, mas o incremento na procura de mel leva a que a quantidade produzida não seja suficiente para satisfazer todos os pedidos.

«Não temos mel que chegue. Podíamos ter três ou quatro vezes mais mel que seria todo vendido», diz José dos Prazeres Ferreira, da direção da Associação dos Apicultores da Serra do Caramulo, a propósito da Festa do Mel, que decorre este domingo.

Segundo José dos Prazeres Ferreira, na Serra do Caramulo haverá cerca de 1500 colmeias, a maior parte propriedade de jovens que avançaram com projetos e que produzem anualmente 20 toneladas de mel.

A associação vende muito mel diretamente ao consumidor e algum a armazéns, mas já teve uma oferta para o enviar todo para a Alemanha, o que recusou, porque aposta no mercado nacional.

Irene Carvalho, residente em Oeiras, é uma das clientes habituais, comprando uma média de 12 quilos deste mel por ano.

«Já venho para o Caramulo há alguns anos e descobri este mel, que é maravilhoso. Não consigo explicar a diferença. Eu quero acreditar que o quanto é saudável estar no Caramulo, as abelhas também vivem essa vertente», afirmou.

A cliente garantiu que este mel «tem um sabor completamente diferente» dos outros e acredita que faz bem à saúde dos seus filhos, de sete e doze anos, que o usam no pão, no leite, em sumos e também misturado com laranja, transformando-se neste caso num «antibiótico excelente».

No início dos anos 1990, realizaram-se na Serra do Caramulo cursos de apicultura, o que levou ao crescimento do núcleo de apicultores e à formação da associação.

São os filhos de alguns desses apicultores que, com a ajuda dos pais, se lançaram em projetos que candidataram a fundos comunitários.

Isidro Ferreira, de 33 anos, sempre se lembra de lidar com abelhas, ajudando o pai. Agora, tem o seu próprio projeto, um investimento de 149 mil euros, que teve uma comparticipação de 60% de fundos comunitários e um prémio de instalação de jovens agricultores de 30 mil euros.

O projeto inclui 500 colmeias com melaria. É também feita a extração de própolis, no âmbito de uma parceria com a Universidade Nova de Lisboa para uma investigação sobre a sua utilização na conservação da fruta.

A apicultura é, no entanto, um part-time para Isidro Ferreira, apesar de gostar que essa fosse a sua atividade principal.

«Trabalho todos os dias na apicultura, aquele trabalho chato, de raspar quadros depois da hora, para quando chegar ao fim de semana, quando é para ir para o campo, já ter tudo preparadinho. Mas é um part-time» contou o empregado de comércio.

Apesar da vontade de fazer da apicultura a sua profissão, o jovem interroga-se «se é assim tão rentável como as pessoas pintam», devido às burocracias.

«São demasiados papéis. Os papéis custam dinheiro e, por exemplo, nós, na nossa melaria, chegamos ao fim do ano com onze mil euros de encargos. São para aí 200 colmeias a trabalhar para burocracias», lamentou.

Também Paulo Dinis, de 30 anos, se lembra de, desde pequeno, ajudar o pai na apicultura, dando continuidade a uma paixão de família, que já vem do tempo do avô.

Aproveitando os fundos comunitários, o técnico de farmácia decidiu unir «uma paixão a alguma rentabilidade» e avançou com um projeto para 400 colmeias, extração de mel, pólen e própolis.

O investimento foi de cerca de 110 mil euros e recebeu uma comparticipação de 60% de fundos comunitários e um prémio de instalação de jovens agricultores de 30 mil euros.

Paulo Dinis contou que muitos jovens «têm curiosidade em saber se realmente vale a pena ou não» investir na apicultura.

Depois dos projetos de Isidro Ferreira e de Paulo Dinis, há outros dois na forja, o que deixa a esperança de futuramente haver maior quantidade de mel da Serra do Caramulo.

O austríaco Harald Hafner, que tem dado várias formações de apicultura em Portugal, destacou as «condições microclimáticas e botânicas únicas» da Serra do Caramulo, que o fazem acreditar no futuro deste mel.

«Talvez não as encontremos mesmo nas serras ao lado e isso contribui para que as abelhas consigam fazer um mel único», frisou.

Fonte: Lusa

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