Medidas preventivas para as doenças que afetam as vinhas
Conheça algumas das medidas preventivas que deve aplicar face às doenças existentes que afetam as vinhas durante esta altura do ano.
Míldio (Plasmopara vitícola)
Deve fazer um tratamento com um produto sistémico de ação curativa e anti-esporulante. O produto precisa de duas horas sem chuva, após a aplicação, para ser absorvido pela planta e ter eficácia. Nesta fase de crescimento ativo da vinha, a persistência dos produtos será reduzida para oito dias e, por vezes, para menos.
No combate ao míldio em vinhas no modo de produção biológico são autorizados produtos à base de cobre.
Oídio (Erysiphe necator)
Por altura do aparecimento dos cachos (F-G, 53-55), a Vinha começa a estar sensível ao oídio. Humidade relativa e temperatura do ar elevadas, são-lhe favoráveis.
Apenas em vinhas cujas videiras estejam maioritariamente no estado cachos visíveis-cachos separados (F - G BBCH 53-55), se aconselha acrescentar à calda anti-míldio um produto anti-oídio ou usar um produto com ação simultânea anti-oídio.
Para combate ao oídio no modo de produção biológico estão homologados produtos à base de enxofre, hidrogenocarbonato de potássio (ARMICARB, VITISAN) e de laminarina (VACCIPLANT).
Podridão cinzenta (Botrytis cinerea)
Nas vinhas que tenham já a maioria dos cachos visíveis e com previsão de chuvas continuadas, pode existir risco de infeção por Botrytis.
O aconselhamento para a condução da luta contra a podridão cinzenta assenta no “método standard”, proposto pelo IVV (França) e cuja validade na Região é assegurada pela prática de dezenas de anos. Consiste ele na aplicação de quatro tratamentos anuais, posicionados nos períodos de maior sensibilidade da videira à Botrytis:
1º - fim de floração – início da alimpa
2º - perto do fecho do cacho
3º - entre o início e o meio do pintor, conforme se trate de castas mais ou menos sensíveis
4º - 3 a 4 semanas antes da data prevista de vindima
Na Região dos Vinhos Verdes, conclui-se a dada altura, pela necessidade de um tratamento suplementar, no estado fenológico de cacho separado (G – 55), sobretudo em primaveras que se adivinham chuvosas e frescas, como a presente.
O cacho jovem (inflorescência) pode absorver e reter a água da chuva ou mesmo a de nevoeiros densos e orvalhos, como se fosse uma “esponja”, criando assim as melhores condições para a germinação e desenvolvimento dos esporos da Botrytis. Quando ocorrem esses ataques precoces, diz-se que o “vinho desapareceu”, pois, as inflorescências atacadas caem e acabam de apodrecer rapidamente no chão.
Produção Biológico estão homologados produtos à base de Aureobasidium pullulans (BOTECTOR), Bacillus amyloliquefaciens (SERIFEL), Bacillus subtilis (SERENADE MAX), hidrogenocarbonato de potássio (ARMICARB) e Pythium oligandrum (POLYVERSUM). No entanto, os fungicidas à base de cobre, utilizados na proteção contra o míldio, também têm efeito secundário no controlo da podridão cinzenta.
Podridão negra (Guignardia bidwellii)
Começa a haver risco de ataques precoces significativos desta doença. Aplique um fungicida anti-míldio com ação simultânea contra black-rot (consulte as listas já publicadas).
Ajuste sempre o volume da calda a aplicar à massa de vegetação da vinha, de modo a evitar derivas e desperdícios de produto (recomendação extensiva à generalidade dos produtos e culturas).
Gorgulhos - Pedrotos (Otiorhynchus sulcatus, Cneorhinus díspar)
Tratamentos contra os gorgulhos devem ser localizados, apenas nas videiras atacadas e no caso de prejuízos evidentes. O seu resultado é incerto e pouco satisfatório.
Como medidas preventivas futuras, recomendamos a manutenção do coberto vegetal do solo, bem como do revestimento dos taludes com ervas e arbustos, plantação e manutenção de maciços de vegetação junto das vinhas, que possam servir de alimento e refúgio aos gorgulhos, impedindo que se desloquem para a vinha e se transformem em praga.
Geadas tardias
Nos locais eventualmente atingidas por geada, afetando gomos e pâmpanos, deve cortar as partes dos pâmpanos “queimados” pela geada, aproveitando as secções sãs.
Os pâmpanos completamente destruídos devem ser cortados pela base, mas não rentes. Nos pâmpanos parcialmente afetados deve aproveitar a parte sã, que ainda possa desenvolver-se.
Mais tarde, deve ser observada a resposta da videira a esta operação e retirar eventuais pâmpanos em excesso, deixando os melhores para poda. Deve também ser aplicado um adubo foliar, nessa ocasião, para ajudar a videira a recuperar.
FONTE: Avisos Agrícolas - Estação Entre Douro e Minho (Abril)