Março de 2024 é o décimo mês consecutivo de recordes de temperatura
Março de 2024 registou temperaturas recorde: 1,68 °C acima da média histórica para março durante toda a era pré-industrial, de 1850 a 1900, de acordo com o Copernicus, o programa espacial da União Europeia que analisa a Terra e o seu ambiente. Desde julho de 2023, cada mês subsequente estabeleceu novos recordes de calor. O padrão manteve-se até março de 2024, alertando para uma tendência preocupante: já há sinais de um novo recorde absoluto de calor à escala global.
Condições meteorológicas extremas a nível mundial
Calor e frio
Na semana passada, o Mali registou um novo recorde de temperatura para o mês de abril em África, atingindo 48,5°C. Muitos países da América do Sul e do Sudeste Asiático também registaram recentemente temperaturas recorde.
Esta tendência é significativa, uma vez que marca o décimo mês consecutivo de recordes de temperatura, que teve início em junho de 2023. De acordo com o JRA55, as anomalias de temperatura mais significativas foram observadas na América do Norte, África e Europa, com picos sem precedentes em países como a Áustria e a Alemanha.
Por outro lado, embora menos frequentes, também se registaram recordes de frio nos últimos anos, sobretudo na Escandinávia. Mesmo no início de abril, as temperaturas no norte da Suécia e da Finlândia desceram abaixo dos 30 graus Celsius negativos. Além disso, a Antárctica teve um verão mais frio do que o habitual, marcando o décimo primeiro verão mais frio de que há registo.
Chuva e seca
No cenário global de condições climáticas extremas, inundações notáveis atingiram o Brasil, a Rússia e a França, enquanto a escassez de água atingiu o Vietname, a Catalunha, a África Austral, o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabué, a Colômbia e o México (Copernicus).
Embora o papel exato das alterações climáticas em cada evento ainda não tenha sido determinado com precisão, é evidente que o aquecimento global intensifica certos eventos de precipitação ao aumentar a evapotranspiração e a humidade potencial do ar (Copernicus).
Factores subjacentes ao rápido aquecimento
A nível mundial, as temperaturas do ar e da superfície dos oceanos têm vindo a atingir níveis recorde há vários meses, com os oceanos mais quentes do que em qualquer outro momento registado, especialmente em março de 2024, que estabeleceu um novo recorde absoluto de 21,07 °C de temperatura média da superfície dos oceanos, excluindo as regiões polares (Copernicus).
Embora o fenómeno El Niño no Pacífico Oriental tenha contribuído para isso no ano passado, as temperaturas recordes persistiram mesmo depois de ter diminuído. A erupção do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, em janeiro de 2022, também pode ter tido influência, libertando grandes quantidades de vapor de água para a estratosfera.
No entanto, o aumento contínuo da concentração de CO2 na atmosfera, atualmente em 425 partes por milhão, é uma das principais causas deste aquecimento. Com a previsão probabilística da NOAA a estimar uma probabilidade de 45% de 2024 ultrapassar 2023 como o ano mais quente alguma vez registado, o ano ainda mal começou e já há sinais de um novo recorde absoluto de calor global.
