Madeira quer alargar área para pesca de peixe-espada nos Açores

peixe espada

Os governos da Madeira e dos Açores estão a negociar o alargamento da área de pesca do peixe-espada preto para os pescadores madeirenses nos mares açorianos, informou o diretor regional das Pescas da Madeira.

«Há abertura da parte do governo açoriano, até porque os pescadores lá não têm muito interesse por esta pescaria», disse Luís Ferreira, na sequência de uma reunião com o homólogo açoriano e com representantes da Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores (APASA), que decorreu na freguesia do Caniçal, concelho de Machico.

Há dois anos, os espadeiros madeirenses foram autorizados a pescar dentro da Zona Económica Exclusiva dos Açores, a sul da ilha de Santa Maria, isto numa altura em que a pesca do atum já era livre nos mares dos dois arquipélagos para as respetivas frotas.

«A Madeira manifestou a intenção de pescar [o peixe-espada] um pouco mais para dentro e, em princípio, estamos abertos a atender a essa pretensão», afirmou o diretor das Pescas dos Açores, Luís Costa, salientando que o entendimento entre as duas regiões autónomas, sobretudo no que toca à pesca do atum, tem sido «perfeito».

Atualmente, a frota portuguesa de atuneiros é constituída na totalidade por 35 barcos dos Açores e 13 da Madeira, especializados na arte de salto e vara, utilizando isco vivo.

«No entanto, como partilhamos o mar, às vezes descarrega-se mais peixe na Madeira e outras vezes nos Açores», explicou o governante madeirense, salientando, por outro lado, que a intenção de alargar a área da ação dos espadeiros é uma forma de colmatar o diferencial entre o número de atuneiros das duas regiões.

Em termos de atum, a quota de captura para a espécie patudo sofreu uma redução de 25%, determinada pela Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico, baixando para 65.000 toneladas o total admissível para a União Europeia. Em resultado dessa decisão, a quota portuguesa passou de 4.750 toneladas para 3.650.

«Obviamente que qualquer corte de quota é sempre mau, especialmente para uma pescaria tão específica como a que é desenvolvida nas duas regiões autónomas, que é uma pescaria seletiva e pouco depredatória», disse o diretor regional de pescas dos Açores, sublinhando, no entanto, que tendo em conta as descargas e as médias dos últimos três anos, sempre abaixo das 2.000 toneladas, a quota disponibilizada «dará para a safra».

O presidente da Associação de Produtores de Atum e Similares do Açores, Carlos Ávila, defendeu, por seu lado, que as duas regiões autónomas deviam constituir um lóbi, de modo a pressionar a União Europeia no sentido de criar para si um regime especial em termos de quotas de pesca.

Carlos Ávila, que representa uma associação com cerca de 30 armadores, defende ainda que os organismos internacionais deviam intensificar a fiscalização, sobretudo na zona do equador, onde a intensidade da pesca terá contribuído para uma diminuição significativa do stock de atum patudo no Atlântico.

Fonte: Lusa

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