Impacto do aumento dos custos dos fertilizantes nos agricultores e no consumidor final

Entre os dias 27 e 29 de março, a Agrotec viajou até Bruxelas e fez parte do seminário sobre fertilizantes. O propósito da press trip, que reuniu mais de 35 jornalistas de toda a Europa, foi compreender e aprender mais sobre como os fertilizantes impactam o preço dos alimentos e de que forma a tecnologia irá ajudar neste combate.

Os participantes reuniram e trocaram impressões com peritos sobre vários temas, entre os quais: os mercados de fertilizantes e cereais, o acordo comercial com a Ucrânia, a segurança alimentar global e como a digitalização da agricultura pode oferecer soluções.

Durante muitos anos a alimentação foi dada, por muitos, como garantida. Nos últimos tempos, voltou o tema da segurança alimentar. A pandemia de COVID-19 deu o primeiro alerta e depois seguiu-lhe a guerra na Ucrânia, que ainda decorre, e que demonstra o quão frágil a Europa é em matéria de energia e fertilizantes. “Somos altamente dependentes na importação. A Rússia ocupa uma oposição central. Apesar de a Europa ter ultrapassado bastante bem este entrave, ainda há muito a fazer”, afirma a Comissão Europeia.

Outro grande choque que, forçosamente, faz a Europa repensar as suas práticas são as alterações climáticas. “São o mais preocupante”, afirmam.

E a junção de todos estes fatores provocou a inflação nos preços dos alimentos, chegando a aumentos de 19,5% na Europa. “O Banco Central Europeu deveria estar bastante preocupado. Tem sido muito desafiante fazer comida a preços acessíveis”.

Mesmo com os aumentos que se sentem a Comissão Europeia afirma que “a Europa mantém a capacidade de lidar com a problemática. Temos mantido a capacidade de produzir comida com alta qualidade, segura e acessível”. No entanto a segurança no setor alimentar, continua a ser altamente vulnerável.

Terá o aumento do preço dos fertilizantes e sua redução na utilização diminuído a acessibilidade da compra dos alimentos? ‘Produtividade’ e ‘sustentabilidade’ são dois termos dispares só podendo o agricultor optar por um deles? “É um grande desafio. Tem de haver inovação. Precisamos de desenvolver alterativas aos fertilizantes e temos de informar o consumidor para que também faça as suas compras e escolhas de forma sustentável”, dizem.  

“Se queremos ser sustentáveis, temos de tomar as medidas do Farm to Fork e do Green Deal. Temos de reduzir in puts que têm uma grande pegada ecológica”, explicam.

“As plantas precisam de fertilizantes. Nem que seja o mínimo. O que temos de perceber é que é necessário controlo e usar apenas o mínimo, sem desperdício. O aumento do preço dos fertilizantes fez com que os agricultores procurassem outras alternativas. Há um decréscimo no uso de fertilizantes”, alega a Comissão.

Apesar de tudo, os fertilizantes são apenas 6% dos inputs que os agricultores utilizam e, por isso, “não devem ter uma influência preponderante”, defendem.  

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Na Europa, há cerca de 9 milhões de agricultores. Nos últimos anos 10 anos ¼ dos agricultores desapareceram e nos 10 anos anteriores a mesma coisa aconteceu.

A transformação digital é necessária para atingir a sustentabilidade economia e ambiental. Mas como pode a tecnologia ajudar este grande grupo de trabalhadores, especialmente sendo este um setor cada vez mais envelhecido?

Há ferramentas na CAP que promovem as habilidades dos agricultores e que os ajudam a entrar neste novo mundo altamente tecnológico. Para além disso, as gerações mais novas podem ser atraídas para a agricultura devido à novas tecnologias inerentes. O trabalho na agricultura é exigente e rigoroso, o facilitismo trazido pela Agricultura 4.0 pode cativar os mais jovens a querer seguir este ramo. No entanto este “é também um setor que muitas vezes é mal falado, o que afasta os jovens da profissão”, afirma a Comissão.

A tecnologia permite que os agricultores tenham informação detalhada, em tempo real, sobre a sua exploração agrícola, assim sendo estão aptos a tomar decisões melhores, mais conscientes e com mais precisão.

No segundo dia da press trip foram dadas a conhecer duas explorações agroalimentares na Bélgica. Os agricultores falaram sobre como lidam com os desafios relacionados à atual situação geopolítica e o impacto das medidas implementadas pela União Europeia para os ajudar.

Este texto continua na próxima edição da Revista Agrotec. Não perca.

Veja aqui a edição passada.

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