ICNF sensibiliza agricultores para que identifiquem ninhos de águia-caçadeira antes das ceifas

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sensibiliza e alerta os agricultores para que identifiquem e informem o ICNF dos ninhos de águia-caçadeira que encontrem antes das colheitas.

A águia-caçadeira, ou tartaranhão-caçador, é uma espécie migradora, que existe enquanto reprodutor na Eurásia e Norte de África, desde a Península Ibérica e Marrocos, até cerca do paralelo 60, no sul da Sibéria e Ásia Norte-central. Inverna na África subsariana, principalmente no Sudão, Etiópia e Leste de África e também no subcontinente Indiano.

Em Portugal, a espécie surge como nidificante em especial na metade Este do país, nomeadamente nas planícies do Alentejo e nos planaltos serranos do centro-leste e norte.

A alteração das culturas e das práticas agrícolas e pecuárias que se registaram na última década terão contribuído para o declínio acentuado da espécie, decorrente da afetação direta do habitat e do aumento de impactes negativos sobre os locais de nidificação e consequentemente sobre o sucesso reprodutor.

A maioria dos casais desta espécie nidifica no interior de searas, sendo essencial que, caso localizem ninhos, os agricultores contactem o ICNF através das respetivas direções regionais.

Esta identificação é crucial para que o ICNF realize o resgate e salvamento de ovos e crias de águia-caçadeira. Além da intervenção no habitat natural (in-situ), o programa de resgate e salvamento inclui também uma componente de conservação fora do ambiente natural (ex-situ), com a recolha dos ovos mais expostos a predação e outras ameaças.

O processo de incubação implica a monitorização constante da perda de peso de cada ovo a cada 48 horas, para serem incubados com a humidade adequada e assim maximizar o sucesso da operação. Após o nascimento, inicia-se a fase de alimentação das crias, que se realiza em ciclos de quatro a cinco refeições diárias, em ambiente climatizado.

Após os primeiros 15 dias, as crias são transferidas para uma jaula em meio natural, onde são ambientadas para posterior devolução à natureza (Hacking).

Os juvenis são depois anilhados para identificação e reconhecimento dos exemplares libertados e são colocados emissores para que seja possível seguir as suas rotas migratórias até ao seu destino de inverno em África.

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