Greve de motoristas pode ditar "desastre" nas colheitas deste ano, diz CAP
O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, considera que a greve dos motoristas de mercadorias e dos motoristas de matérias perigosas, anunciada para o dia 12 de agosto, “pode constituir um desastre” para as colheitas, considerando que Governo não teve em conta os agricultores na rede de emergência.
Texto: Ana Catarina Monteiro
Em declarações à agência Lusa, Eduardo Oliveira diz não saber se “o Governo está consciente” quanto à gravidade da greve dos motoristas, que ocorrerá na altura da colheita de vários produtos, como o tomate, a pera-rocha e a uva para o vinho, entre outras.
«Pretendemos que o Governo tome a devida consciência da situação, porque em pleno mês de agosto com temperaturas elevadas, com culturas perecíveis, que têm de ser colhidas em períodos de tempo muito curtos que estão programados há meses. Não podem de maneira nenhuma ficar no terreno», frisou o presidente da CAP.
Segundo o dirigente da CAP, a rede de emergência para abastecimento dos postos de combustíveis, que o Governo anunciou, não contempla as zonas rurais, sendo «necessário criar um sistema de prioridade de abastecimento dos postos onde os agricultores possam acorrer para que as colheitas não fiquem postas em causa», defendeu o presidente.
«Os seguros agrícolas não contemplam este tipo de situações e a perda de uma colheita, fruto do trabalho de um ano inteiro, pode levar milhares de pessoas à falência concreta», alerta o presidente.
Também a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) enviou esta semana uma nota ao Governo alertando para possíveis “roturas na cadeia de abastecimento alimentar, seja nas entregas dos produtos alimentares e bebidas aos distribuidores seja na receção das matérias-primas agrícolas e agropecuárias”.
De acordo com a mesma nota, citada pelo jornal Expresso, o presidente daquela federação, Jorge Tomás Henriques, revelou que os associados da FIPA «manifestaram já a preocupação em torno da possível perda de enormes volumes de matéria-prima já contratada nas explorações, como é o caso do leite (com prazos muito limitados da recolha e tratamento) e dos hortofrutícolas, bem como da falta de alimentação para os animais nas explorações pecuárias, comprometendo o bem-estar animal e consequente morte dos mesmos».