FAO apoia inovação como meio para alcançar a segurança alimentar

O setor agrícola deve transformar-se, não apenas para conseguir a segurança alimentar e nutricional para todos, mas também para ajudar a enfrentar os desafios globais, como as alterações climáticas e a resistência aos antimicrobianos, assegurou o diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.

segurança alimentar

José Graziano da Silva, na sua intervenção perante os ministros e representantes governamentais, do setor privado e da sociedade civil presentes na reunião bienal do Comité de Agricultura da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), destacou que a «agricultura ocupa um lugar central» de uma série recente de acordos internacionais inovadores, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas.

O diretor geral da FAO afirmou que «a agricultura sustentável é fundamental para erradicar a pobreza extrema e a fome, para conservar os recursos naturais, adaptar-se e reduzir os efeitos das alterações climáticas, alcançar sistemas alimentares mais saudáveis e para aumentar a resistência frente às crises e os desastres naturais», assinalou.

No entanto, lembrou que, embora a evolução na agricultura tenha levado a importantes melhorias na produtividade, «o progresso foi desigual» e «deve dar-se maior enfase às dimensões sociais e ambientais da sustentabilidade».

O ministro da Agricultura, das Florestas e Segurança Alimentar da Serra Leoa, Monty Patrick Jones, na sua intervenção, destacou o facto de que em África impulsionar a produtividade agrícola de forma sustentável não é apenas essencial para a segurança alimentar e nutricional mas também é crucial para erradicar a pobreza.

Em particular, os pequenos agricultores, disse, «devem produzir alimentos não apenas para consumo próprio, mas também para o mercado», instando os governos a desempenhar o seu papel apoiando o processo e aumentando os investimentos.

Outro orador principal na sessão de abertura da COAG foi Joachim von Braun, diretor do Centro para a Investigação do Desenvolvimento da universidade de Bonn, que destacou a necessidade da inovação científica na agricultura vir acompanhada pela reforma de políticas. «A agricultura e os sistemas alimentares está a mudar, assinalou, e esta transformação deve ser apoiada por uma boa cooperação entre a ciência e a política».

Por esta razão, defende o estabelecimento de um Grupo Internacional sobre Alimentação, Nutrição e Agricultura para ajudar a comunidade internacional na mesma forma que o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Alterações Climáticas «ajuda a orientar a política climática global».

Por outro lado, Graziano da Silva, sinalizou que «o papel da agricultura vai mais além da geração de alimentos e rendimentos», referindo o compromisso recente da FAO na Assembleia Geral das Nações Unidas de trabalhar em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para travar a resistência aos antimicrobianos.

«Na FAO acreditamos que os antibióticos e outros antimicrobianos», explicou Graziano da Silva, «devem ser utilizados na agricultura para curar doenças e aliviar o sofrimento. Apenas em circunstâncias especiais podem ser usados para prevenir uma ameaça iminente de infeção».

O diretor geral referiu ainda o crescente reconhecimento internacional de que a agricultura pode ter um papel transformador frente aos impactos das alterações climáticas. Prevê-se que os países se reúnam na Cimeira da COP 22, em Marrocos, no próximo mês de novembro, para colocar em marcha os seus compromissos sobre as alterações climáticas, e a FAO «está disposta a ajudar os governos, em especial dos países em desenvolvimento, a terem acesso aos recursos internacionais disponíveis para financiar estas ações», informou o seu responsável.

José Graziano da Silva recordou aos participantes na sessão de abertura da COAG que em 2014-2015 a FAO apoiou 245 iniciativas em 89 países para promover práticas sustentáveis de produção agrícola baseadas em abordagens participativas, cujos resultados ultrapassaram os objetivos. Mais de 80 destas iniciativas foram aplicadas apenas em África, segundo o diretor geral da FAO.

Fonte: Agrodigital 

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