Extinção de animais pode agravar efeitos das alterações climáticas
Como se a extinção de animais já não fosse mau o suficiente, o fim daqueles que se alimentam sobretudo de frutos, chamados de frugívoros, também comprometerá a capacidade das florestas tropicais de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera.
A diminuição da absorção de CO2 preocupa os cientistas, uma vez que o excesso do gás na atmosfera é um dos responsáveis pela aceleração das alterações climáticas no nosso planeta.
O que acontece, segundo os cientistas, é que os animais frugívoros são responsáveis por dispersar sementes de frutos grandes pelas florestas. Com a sua extinção, a dispersão deixará de acontecer e as árvores não irão crescer em diferentes áreas, afectando o potencial da floresta no combate as alterações climáticas.
Esses animais cumprem funções importantes em relação às plantas, seja por polinizar as flores ou por comer os frutos e dispersar as sementes, favorecendo a regeneração natural das florestas.
Investigadores de várias instituições internacionais publicaram um artigo na revista Science Advances onde estimam a perda da capacidade de CO2 na Mata Atlântica a partir de diferentes cenários de defaunação, como é conhecido o fenómeno de diminuição acentuada da população de animais num ecossistema, em geral induzida por actividades humanas como desmatamento e caça ilegal.
Com simulações, os cientistas verificaram que a extinção dos animais compromete significativamente a capacidade de armazenamento de CO2 na floresta, pois coopera para a diminuição no número de árvores que dependem da dispersão das suas sementes para brotar na Mata Atlântica.
Para desenvolver o estudo, os investigadores relacionam a composição e a abundância de espécies de árvores e o tipo de dispersão das suas sementes, com padrões de dureza da madeira e altura, características que podem ser usadas para medir o quanto a árvore pode armazenar carbono.
Na pesquisa, a equipa coordenada pelo biólogo brasileiro Mauro Galetti do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, interior de São Paulo, concluiu que árvores com troncos grandes e duros têm sementes igualmente grandes.
Ou seja, quanto maior a semente, maior será a árvore. As árvores maiores são aquelas capazes de armazenar mais quantidade de dióxido carbono e são as que dependem da dispersão dos seus grandes frutos para brotar em diferentes lugares.
Fonte: Diário Digital