Ex-ministra diz que Governo olha para a agricultura como «parente pobre»

A líder do CDS criticou esta quarta-feira, numa visita à Feira da Agricultura, em Santarém, a governação «à la socialista» que olha para o setor como «o parente pobre», apontando atrasos nos pagamentos e recurso à dívida para investimento no regadio.

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Destacando a importância da agricultura, Assunção Cristas lamentou que, em seis meses de Governo, o setor continue à espera, «na expectativa do que vai acontecer», com projetos atrasados e sem saber quanto nem quando serão feitos pagamentos que no anterior executivo (em que foi detentora da pasta da Agricultura) eram feitos regularmente no final do mês.

«Até a boa notícia do regadio vai ser feita com dívida. Ou seja, governação 'à la socialista', como nós já conhecemos tão bem e era bom que rapidamente invertesse o rumo», declarou a anterior ministra da Agricultura no final de uma visita em que fez questão de seguir o seu antecessor, Paulo Portas, e falar apenas sobre o setor.

Assunção Cristas afirmou que, apesar de ter encontrado pessoas «entre o desanimado e o expectante», há setores, como o da fruta (tema em destaque no certame), que «continuam animados» e com as exportações a crescer.

«Da atuação do Governo só posso fazer uma análise muitíssimo negativa, de destruição de um caminho de confiança, de motivação, de investimento, de vontade de puxar pelo setor», disse, lamentando nem sequer poder «dizer bem» do anúncio feito pelo primeiro-ministro no fim de semana de projetos para aumento do regadio.

«Quando vamos ver como é que vai ser financiado esse novo regadio, só pode merecer a minha maior crítica, porque é um modelo que também já conhecemos do passado. Vai ser feito com recurso à dívida, com uma engenharia financeira, com os fundos do BEI [Banco Europeu de Investimento], o que é positivo, mas depois dinheiro do Orçamento do Estado, dinheiro vivo, zero. Vai ser tudo dívida ou fundos comunitários, o que mostra que é um modelo que já conhecemos do passado», declarou.

Assunção Cristas apelou aos empresários para que «não desistam e reclamem por aquilo a que têm direito» e ao Governo para que «ponha a casa em ordem, pague a tempo e horas, ponha o dinheiro que falta no Programa de Desenvolvimento Rural 2020», lamentando que não esteja previsto gastar o mesmo que no passado.

Cristas considerou ainda um ato de «grande cobardia política» a destruição de um concurso comunitário «sem assumirem que queriam levar outro rumo para os fundos, simplesmente pondo as culpas no Governo anterior».

A Feira Nacional da Agricultura/Feira do Ribatejo prossegue até domingo, 12 de junho, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.  

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