Évora lidera investigação europeia sobre pequena agricultura em 13 países

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importância social e económica da pequena agricultura em nove países europeus, como Portugal, e em quatro africanos vai ser investigada num projeto liderado pela Universidade de Évora, com cinco milhões de euros de financiamento comunitário.

O projeto SALSA – “small farms, small food businesses and sustainable food security” – envolve um consórcio de 17 entidades em nove países europeus, nomeadamente, Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Escócia, Noruega, Roménia, Polónia e Estónia, e em quatro africanos, Cabo Verde, Tunísia, Quénia e Gana.

Trata-se do primeiro projeto coordenado por uma instituição portuguesa, a Universidade de Évora (UÉ), a ser aprovado no âmbito do “Desafio Societal 2” do Horizonte 2020, o programa de investigação da União Europeia de 2014 a 2020.

«Já há investigadores portugueses a participarem em projetos do Horizonte 2020. O que é novo é que este é o primeiro a ser coordenado por uma equipa portuguesa», disse a investigadora Teresa Pinto Correia, da academia alentejana.

A iniciativa, cuja aprovação foi agora divulgada, é liderada por uma equipa do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) da UÉ, da qual Teresa Pinto Correia está à frente.

Reunindo universidades, entidades governamentais, uma associação de agricultores, uma empresa e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o projeto conta com cinco milhões de euros de financiamento global, para quatro anos.

O trabalho, segundo a UÉ, pretende «avaliar o papel das pequenas empresas agro-alimentares no fornecimento de alimentos de qualidade provenientes de uma agricultura sustentável e culturalmente adequada».

O «ponto de partida», de acordo com Teresa Pinto Correia, é o «reconhecimento» de que a pequena agricultura, tanto «na Europa», como «provavelmente noutras regiões do mundo», tem «muito mais importância do que, normalmente, lhe é atribuída».

«É um tipo de agricultura que foge a todas as estatísticas. São pequenos produtores, muitas vezes uma agricultura familiar, nem sempre exercida a tempo inteiro, portanto, não é declarada como atividade económica», afirmou.

Contudo, frisou, «tem um papel fundamental na segurança alimentar e na soberania alimentar a nível local», pois, «os produtos, apesar de, muitas vezes, não serem vendidos no mercado global, são trocados ou circulam nos mercados mais pequenos», constituindo «uma grande parte da alimentação da população de várias regiões».

«Estes pequenos produtores e empresas podem não aparecer nas estatísticas, nem nos modelos económicos, ao contrário das grandes empresas, mas nós queremos saber mais sobre eles e sobre o fenómeno e o respetivo peso social e económico», afirmou.

O estudo, cujos trabalhos no terreno devem arrancar «talvez em março» de 2016, vai analisar 30 regiões de referência na Europa e em África, utilizando uma abordagem transdisciplinar e recorrendo a diversos métodos qualitativos, consultivos e quantitativos.

«Vamos tentar perceber qual é a alimentação da população destas regiões e qual o peso social e económico da pequena agricultura», explicou a investigadora, referindo que, em Portugal, a equipa prevê analisar duas regiões, umas delas o Alentejo.

O consórcio, acrescentou, vai ainda tentar perceber «quais os mecanismos necessários para permitir manter ou criar novas condições para manter esta pequena agricultura e empresas de transformação e comercialização a ela ligadas, tendo em conta a sua importância, que muitas vezes não é reconhecida».

Fonte: Lusa

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