Estudo revela que culturas de frutos secos em Portugal são as mais eficientes no uso da água e eficiência sustentável
No estudo sobre as necessidades hídricas das culturas de frutos secos nas principais zonas de produção do país, desenvolvido pela Portugal Nuts em parceria com a Real Academia de Ingeneria de Madrid, e apresentado durante o II Congresso da Associação de Promoção de Frutos Secos em Beja, revela que o uso de água nas práticas culturais relativas aos pomares de frutos secos em Portugal é bastante eficiente e environmental friendly, dado que a tecnologia utilizada neste tipo de cultura necessita de menos água por quilograma de frutos secos produzidos (comparativamente aos EUA), uma vez que faz uma monitorização permanente dos fatores produtivos de modo a produzir de forma sustentável.
Uma cultura que acrescenta muito valor à utilização do recurso da água que é um recurso escasso e em particular no Alentejo onde houve um grande investimento público na Barragem do Alqueva a fim de impulsionar a atividade económica da região a acrescentar valor a uma balança comercial positiva.
“Este estudo veio demonstrar que há uma boa eficiência dos recursos hídricos na cultura de frutos secos e que o caso do Alqueva é um bom exemplo daquilo que deveríamos fazer noutras regiões do país para resistir a períodos de seca prolongados, uma vez que a região demostra que está preparada para resistir a três anos de seca seguidos e continuar a regar o volume que lhe está atribuído”, refere Tiago Costa, Presidente da Portugal Nuts.
Cultura muito bem-adaptada ainda que recente quando comparado com os EUA, permitindo que se utilize face à nossa realidade uma cultura de rega gota-a-gota que garante maiores vantagens no consumo de água. Foi também dimensionado todos os sistemas reduzindo as necessidades hídricas das plantas de acordo com a necessidade do momento, procedendo a uma gestão da água de forma regulada e controlada evitando perdas desnecessárias, já que se recorre a um sistema de pressão eficiente.
O valor de mercado dos produtos secos em Portugal faz que tenha um valor sustentável a vários níveis e, por isso a Associação defende que há qualidade de produção de frutos face ao clima, solo e água despendida, quando comparado com países como a Austrália e EUA, permitindo que sejamos mais competitivos.
A autossuficiência de Portugal no mercado das amêndoas revela que os objetivos foram inclusive superados e excendentários contribuindo para uma balança comercial positiva, com uma exportação de real peso face ao ano transato. Hoje, na zona do Alqueva falamos de valores de 25 mil hectares de amendoal. Ao mesmo tempo que contribui ainda para o desenvolvimento de outras indústrias (como o descasque) garantindo oportunidades de empregabilidade neste setor. Num momento que atravessamos custos de produção de 30% a 40%, este tem sido um setor que pouco tem penalizado o consumidor na aquisição da sua matéria-prima, já que ao haver um valor excedentário do produto é possível colocar em comercialização a valores praticados no passado.
Ainda no decorrer do II Congresso Portugal Nuts temas como: inovação, a sustentabilidade e os mercados internacionais são discutidos em três mesas redondas.
A primeira mesa-redonda do evento ‘A Água e o Setor dos Frutos Secos’ contou com a participação de Isabel Martins (Revista Sustentável), José Pedro Salema (Presidente EDIA), Pedro do Carmo (Coordenador da Comissão de Agricultura do Parlamento) e Tomás Tenreiro (SISTAGRO) que debateram os resultados do estudo sobre as necessidades hídricas nas culturas de frutos secos.
Seguidamente, após a pausa para café e network, a mesa-redonda ‘Inovação e Sustentabilidade no Setor dos Frutos Secos’ contou com a participação de Pedro Pimentel (Centromarca), Filipa Saldanha (responsável de sustentabilidade do Crédito Agrícola) e Pedro Neto (vereador da CM do Fundão). Participou remotamente Rui Coutinho, professor da NOVA SBE, reconhecido innovation advisory.
No último painel do evento, relativo ao tema de ‘Mercados de Frutos Secos: Tendências Nacionais e Internacionais’, participaram Bill Harp (Ex-Presidente Almond Board California e atual investidor em Portugal em frutos secos), José Luis Bosch (Coordenador da DESCASCALMENDRA) e ainda Tim Jackson (Presidente do Almond Board of Australia) que partilhou algumas palavras por vídeo. Participa também Joan Fortuny Queralt (De Prado Almonds).
A sessão terminou com um momento ‘Amigos Portugal Nuts’, um projeto de responsabilidade social que se realiza este ano pela primeira vez e que pretende atribuir um donativo a instituições de solidariedade social. Na edição deste ano será atribuído ao Centro de Acolhimento Temporário de Crianças em Risco "A Buganvília".