Estudo recomenda entendimento ibérico sobre sardinha

sardinhas

Um relatório sobre a sustentabilidade da pesca da sardinha recomenda a revisão do atual plano de gestão e salienta que Portugal e Espanha devem resolver o diferendo sobre a repartição das quotas de pesca até ao início do ano.

O estudo datado de novembro de 2015 foi realizado a pedido da Comissão das Pescas do Parlamento Europeu e desenvolvido por especialistas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPIMAR), Instituto Español de Oceanografía, Instituto Francês de Pesquisa e Exploração do Mar (IFREMER) e as universidades de Aveiro e Santiago de Compostela.

Além de avaliar o estado do recurso, bem como a situação económica e social associada à pesca da sardinha, o relatório propõe que se melhore o conhecimento da espécie e aponta medidas de gestão que devem ser seguidas para assegurar a sustentabilidade das pescas.

Face ao estado do 'stock' ibérico de sardinha, que se encontra em declínio desde 2006 devido ao baixo recrutamento, ou seja, as sardinhas jovens que são adicionadas à população anualmente, e à mortalidade da pesca, os investigadores defendem a adoção de medidas técnicas adicionais e a revisão do plano de gestão multianual que Portugal e Espanha implementaram em 2012.

Entre estas apontam o tamanho mínimo de captura e áreas ou períodos fechados para proteção dos juvenis, bem como revisão das regras de captura do plano, atendendo à dinâmica do 'stock' nos anos mais recentes.

«O limite de capturas que decorre da aplicação das regras de controlo de capturas do plano de gestão deve ser repartido entre Portugal e Espanha no início do ano», aconselha o mesmo estudo, sublinhando que «a atual falta de entendimento quanto à repartição entre os dois países deve ser resolvido».

A promoção de estudos multidisciplinares para avaliar o impacto dos fatores ambientais sobre o recrutamento, melhoria do conhecimento sobre a ligação entre os diferentes 'stocks' de sardinhas, melhoria das práticas de pesca e recolha de dados sociais e económicos das pescas são outras das recomendações.

Existem dois 'stocks' de sardinha nas águas atlânticas europeias: o da região Norte, onde pescam sobretudo Espanha e França, e o do Sul (ibérico), onde pescam Portugal e Espanha.

Ao contrário do 'stock' da região norte, que apresenta uma tendência de crescimento, o do sul tem vindo a decair, sendo cada vez mais reduzidas as possibilidades de captura, que ao contrário das restantes quotas de pescas comunitárias, impostas por Bruxelas, são geridas entre Portugal e Espanha.

As quotas decresceram de 27.900 toneladas em 2014, para pouco mais de 19.000 toneladas em 2015, estando ainda por fixar os limites do próximo ano. No entanto, o Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES), já advertiu que não devem ir além das 1.587 toneladas, o que significa na prática uma paragem da pesca da sardinha.

Os limites de captura para Portugal têm sido fixados com base nos pareceres do ICES (2010, 2011) ou, de acordo com o plano de gestão (2012-2014) e representam cerca de 70% do total ibérico.

Fonte: Lusa 

Regiões

Notícias por região de Portugal

Tooltip