ESAC: há 130 anos a oferecer «credibilidade»

João Freire de Noronha, Presidente da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), fala do aniversário da instituição, que celebrou em 2017, cento e trinta anos de existência. Este legado, afirma, « é um motivo de orgulho para toda a comunidade da Agrária de Coimbra, mas também acarreta a responsabilidade de manter vivas as qualidades que levaram a que a Escola seja uma referência no ensino e investigação da agricultura em Portugal .

Entrevista: Ana Clara

Fotos: ESAC

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Agronegócios/AGROTEC: A ESAC celebrou em 2017 cento e trinta anos. É Um legado único. Qual o programa de comemorações que assinalou a data e que importância tem este histórico para a instituição?

João Freire de Noronha: Para comemorar os 130 anos, a ESAC organizou um conjunto de atividades que se iniciaram em janeiro e que se prolongaram até ao final do ano de 2017. O ponto alto das comemorações registou-se a 22 de abril, dia da Escola Superior Agrária de Coimbra, com a Sessão Comemorativa. Nesta sessão, que contou com a presença, entre outros, do Senhor Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, foi feita uma resenha do nosso percurso histórico e da importância do Ensino Superior Politécnico para o desenvolvimento da agricultura em Portugal. Foram também homenageados ex-alunos, ex-funcionários e ex-dirigentes. O facto de sermos uma instituição com 130 anos (contados a partir de 1887 quando a Escola Central de Agricultura foi transferida para Coimbra) é um motivo de orgulho para toda a comunidade da Agrária de Coimbra, mas também acarreta a responsabilidade de manter vivas as qualidades que levaram a que a Escola seja uma referência no ensino e investigação da agricultura em Portugal.

AG: Fale-me um pouco dos cursos, da credibilidade que envergam também para o bom nome da escola, e de outros, mais recentes que estejam a ser um sucesso em termos de procura.

JFN: A Escola, que de 1931 até ao final dos anos setenta do século vinte, foi a Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, ganhou uma imensa credibilidade pela qualidade dos seus formandos que ocuparam, e ocupam, lugares de relevo na área agrícola e florestal. A oferta formativa atual da ESAC continua a oferecer esta qualidade,mantendo a credibilidade que se reflete nos elogios que os empregadores fazem aos nossos antigos alunos agora no mercado de trabalho, e no sucesso dos nossos alunos que seguiram a sua formação académica noutras instituições de ensino superior terminando com sucesso os seus cursos de mestrado e doutoramento, em universidades portuguesas e estrangeiras. 

AG: Que cursos teve inicialmente a ESAC e que evolução fez a instituição até hoje nesta matéria?

JFN: Os primeiros cursos lecionados na Escola Superior Agrária de Coimbra foram o Bacharelato em Produção Agrícola e o Bacharelato em Produção Animal com início em 1982. Desde então a ESAC teve uma evolução que incluiu a abertura de licenciaturas bietápicas em 1998/1999, a sua transformação em licenciaturas denominadas pós-Bolonha e a abertura de Cursos de Especialização Tecnológica em 2007/2008, o início da lecionação de ciclos de estudo de mestrado em 2008/2009 e a abertura de Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) em 2015/2016. Atualmente a ESAC oferece nove licenciaturas (Agricultura Biológica, Biotecnologia, Biodiversidade e Conservação da Natureza, Ciências Florestais e Recursos Naturais, Engenharia Agropecuária, Gastronomia - em associação com outras escolas do IPC, Tecnologia Alimentar e Tecnologia e Gestão Ambiental), nove mestrados (Agricultura Biológica, Biotecnologia - a funcionar em língua inglesa, Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural, Ecoturismo, Engenharia Agropecuária, Engenharia Alimentar, Gestão Ambiental, Gestão de Empresas Agrícolas - em parceria com o ISCAC e Recursos Florestais) e 11 CTeSP (Agrotecnologia, Análises Agroalimentares, Avicultura, Compostagem e Valorização de Resíduos Biodegradáveis, Defesa da Floresta, Interpretação da Natureza e dos Espaços Rurais, Maneio de Equinos, Equitação Terapêutica e de Lazer, Produção Agrícola Biológica, Produção de Bovinos de Leite, Qualidade Alimentar e Sistemas de Tratamento de Águas).

Cursos e parcerias

AG: Quais os cursos que têm mais procura?

JFN: Atualmente, os cursos com maior procura são, a nível de mestrado: Engenharia Alimentar, Recursos Florestais e Agricultura Biológica, a nível de licenciatura: Biotecnologia, Tecnologia Alimentar e Agropecuária e a nível de CTeSP: Defesa da Floresta, Produção Agrícola Biológica e Qualidade Alimentar. Penso que a maior procura destes cursos terá a ver com uma mistura de vários fatores: a tradição da Escola nas áreas em questão; a resposta que os nossos cursos dão às necessidades do mercado de trabalho e às tendências atuais da sociedade.

AG: Que vantagens e dificuldades têm os alunos quando terminam os seus cursos na ESAC e chegam depois ao mercado de trabalho? Há parcerias e acordos de estágio, por exemplo?

JFN: Todos os cursos da ESAC (CTeSP, Licenciaturas e Mestrados) têm um estágio curricular – preferencialmente em ambiente de trabalho - que permite aos nossos alunos uma primeira experiência no mercado de trabalho. Temos um vasto conjunto de parcerias que nos permitem oferecer aos alunos estágios em empresas e instituições de renome nas suas áreas. Apesar desta carteira de locais de estágio, incentivamos os nossos alunos a procurar ativamente locais de estágio porque acreditamos que esta atividade – que simula a procura do primeiro emprego – contribui para a sua formação e melhora o seu desempenho na procura deemprego após obtenção do seu diploma.

joao freire de noronha

João Freire de Noronha 

AG: Fala-se muito da necessidade de haver uma maior proximidade entre as empresas e a academia. No vosso caso, essa realidade é evidente ou há essas sinergias em prol dos alunos e da sua aprendizagem?

JFN: A ESAC promove ativamente uma aproximação com as empresas e instituições da região. A ESAC presta serviços laboratoriais e de consultoria nas suas áreas de atuação a um vasto conjunto de empresas e instituições regionais e nacionais. Temos também diversas parcerias com empresas ao nível de projetos de investigação competitiva aplicada a nível de fundos nacionais e europeus. Seguramente que muita da experiência adquirida pelos nossos docentes, investigadores e técnicos nesses contactos com os nossos parceiros e clientes trespassa para um ensino focado para a resolução de problemas concretos e baseado em casos práticos, o que, cremos, ser muito benéfico para a aprendizagem dos nossos alunos.

Nota: Entrevista publicada na edição AGROTEC 24.

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