Em busca de uma proteína para combater a Xylella fastidiosa

 Investigadores da Universidade de Alicante trabalham na síntese de moléculas localizadas nos vírus que atacam a bactéria.

Xylella fastidiosa

Investigadores da Universidade de Alicante desenvolvem há um ano um projeto para encontrar a cura para a Xylella fastidiosa, que envolve o uso de ferramentas de biologia molecular. A equipa ainda tem três anos para realizar o seu trabalho mas os primeiros dados são "promissores" nas palavras de César Bordehore, biólogo e coordenador da Estação Científica de Montó-Dénia, que comparece ao GuíaVerde para explicar como se pretende combater esta bactéria que causa sérios danos às culturas em várias zonas de Espanha e da Europa.

«No caso da bactéria Xyella fastidiosa, não adianta deitar um produto no campo para matá-la», destaca Bordehore, por isso a abordagem tradicional ligada ao uso de produtos químicos em pragas deve ser alterada. Bordehore explica que para essa bactéria não existem antibióticos como moléculas químicas com as quais possamos eliminá-la, «mas na natureza existem moléculas, no caso proteínas, que são capazes de romper as membranas da Xylella», ressalta. Onde podemos encontrá-las? Os cientistas, neste caso, localizam-nas nos vírus inseridos no DNA da Xylella e, posteriormente, passam a sintetizá-los. É uma técnica que vai direta ao alvo, com o único propósito de matar a bactéria.

«Os resultados que temos ao nível de computação são promissores porque existem moléculas que vão romper a membrana da Xylella, o que significa sua morte», explica a investigadora. «Agora estamos a iniciar a fase de laboratório e temos que sintetizar estas proteínas e testá-las na Xylella. Temos várias dezenas de candidatos. Mas podemos ter alguns eficazes que, por sua vez, são muito difíceis de sintetizar, ou que são fáceis de sintetizar e que são muito instáveis ​​com o tempo...»

A aplicação de proteína em culturas

A forma como esta molécula seria aplicada fará parte de uma futura segunda fase que uma equipa especializada terá que experimentar. Bordehore lembra que existem muitas alternativas, mas que terão que ser testadas, podendo até ser uma combinação de várias técnicas. Terão seguramente que ser testadas injeções na raiz, no tronco ou a aplicação foliar e ver também como estes tratamentos funcionam em certas épocas do ano.

César Bordehore ressalta que outra forma seria ir diretamente aos insetos vetores da Xylella, tratando-os com essa proteína sintetizada para que a bactéria morresse e não fosse transmitida para as árvores. Desta forma, seria utilizado um tratamento seletivo, evitando-se a eliminação desses insetos vetores e de outros, explica, benéficos para a agricultura. Um exemplo seria enriquecer as plantações ou a erva de que esses insetos se alimentam com essa proteína uma vez que eles preferem a erva às próprias árvores frutíferas devido à disponibilidade de seiva. Atualmente, destaca o biólogo, essa erva  também é retirada porque é onde os insetos vetores colocam os seus ovos. Mas talvez no futuro seja uma das chaves, para que enquanto se alimentem daquela erva sejam tratados.

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