Economistas pedem ao Governo que monitorize fornecimento de bens essenciais em tempo real

Num documento subscrito por mais de 25 economistas, o Governo é alertado para a necessidade de criar gabinete que monitorize as cadeias de produção e distribuição em tempo real para "prever e, idealmente, evitar" ruturas.

"Com uma fração significativa de trabalhadores doentes ou de quarentena, as políticas de fique-em-casa e de fecho das fronteiras, a possibilidade de haver disrupções das cadeias de produção e distribuição é real, começam por alertar os economistas, num documento que será entregue ao Governo.

"Com ruturas na oferta e possíveis picos de procura devido a pânicos, preços flexíveis deixam de exercer a sua função de coordenação da atividade produtiva, dado que as empresas poderão não conseguir responder às variações de preços, por exemplo, por falta de bens intermédios ou de força de trabalho", explicam.

Face a este cenário, e "para garantir o acesso aos bens essenciais durante a crise pandémica e manter a economia a funcionar", os especialistas sugerem que seja criado um gabinete "composto por quadros quer do setor privado quer público, bem como de representantes do Governo" que use as atuais ferramentas tecnológicas à disposição para "prever e evitar cortes" nas cadeias de produção e distribuição.

A equipa de economistas explica que "o objetivo do gabinete é o de recolher e usar dados (big data) em tempo real". 'Big Data' é uma área da tecnologia dedicada à recolha, tratamento e análise de bases de dados grandes demais para serem analisadas por sistemas tradicionais.

Através desta monitorização e análise em tempo real, será possível "prever e, idealmente, evitar cortes no fornecimento de bens essenciais", indicam os economistas. Nestas situações, "as empresas privadas deverão cooperar para, em conjunto com os governos, garantir a fluidez do fornecimento de bens essenciais quer dentro quer através das fronteiras europeias", adiantam no mesmo documento, que vai ser traduzido e distribuído também entre as autoridades europeias.

Para os atingir seus objetivos, o Gabinete de Monitorização terá provavelmente de dar três passos.

O primeiro passo é identificar os bens e serviços que devem ser priorizados na atual crise. Obviamente, medicamentos, equipamentos médicos, equipamentos de proteção e kits de teste, além de alimentos e outras necessidades básicas, comunicações e serviços de utilidade pública, devem ter prioridade. A rede logística necessária para a distribuição dos bens também é indispensável.

O segundo passo é determinar as cadeias de produção e distribuição que produzem os bens e serviços desejados. Informações detalhadas em tempo real ao nível da empresa e do indivíduo serão essenciais para estimar a procura por região e por tipo de bem, e para monitorizar as cadeias de produção. Essas informações podem vir de institutos nacionais de estatística, sistema de saúde, autoridades tributárias, segurança social, bancos, serviços de utilidade pública, empresas retalhistas e de comunicações, e de gestores de empresas. Além disso, cada agregado familiar pode tornar-se uma fonte de informações sobre a disponibilidade de bens usando o telemóvel. 

O terceiro passo é identificar os recursos que podem ser afetados às indústrias situadas nas cadeias de produção e distribuição de bens essenciais, sejam recursos desempregados ou recursos afetados a atividades não essenciais. 

FONTE: Renascença

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