«Desde 2012 a produção de mirtilos cresceu 700% em Portugal»

No âmbito do IX Encontro Nacional de Produtores de Mirtillo que vai acontecer nos próximos dias recordamos uma entrevista realizada a Jorge Godinho Antunes, pelo suplemento Pequenos Frutos, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Nacional de Pequenos Frutos (ANPM). Esta associação conjuntamente com a Câmara Municipal da Guarda, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN).

 jorge godinho antunes

Pequenos Frutos (PF): Que novidades podemos esperar para o Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo deste ano?
Jorge Godinho Antunes (JGA): O encontro na Guarda será enriquecido com momentos diferenciadores. O programa, perspetivado numa dinâmica de congresso, tem por objetivo refletir sobre temas relacionados com o mirtilo, processo produtivo, dinâmica comercial e o papel associativo dos produtores. Pretende-se neste encontro dar a conhecer a importância do mirtilo na saúde e mostrar o trabalho realizado por várias equipas de cientistas. Num segundo momento, todos poderão conhecer uma plantação de mirtilos, confraternizar numa degustação de vinhos e aplaudir o lançamento oficial da Associação Nacional de Produtores de Mirtilos (ANPM). Neste encontro o reconhecimento e confraternização têm um momento especial. A noite de sexta-feira será preenchida com uma gala, onde o espetáculo marcará presença, juntamente com a entrega de prémios para homenagear produtores, pessoas e ou organizações que contribuíram para o desenvolvimento e qualificação desta fileira profissional.

PF: Que temas estarão em destaque?
JGA: Todos os temas são importantes e terão como em todos os outros encontros uma participação ativa por parte dos produtores. Os oradores são altamente qualificados o que nos vai proporcionar um debate saudável, rico em conhecimento e muita troca de experiências.

PF: Foi criada, em março deste ano, a Associação Nacional de Produtores de mirtilo. Quais os problemas/necessidades do setor que levaram à criação desta entidade?
JGA: O princípio base de uma associação é a representação, defesa e promoção dos interesses económicos, sociais e profissionais dos seus filiados. Este setor é novo, os problemas, as necessidades são muitas. A associação deverá ser um instrumento de participação, reflexão, debate e orientação no desenho de políticas de trabalho, sociais e de desenvolvimento dos recursos no âmbito estratégico e operacional.

PF: Cinco meses depois da sua criação, como tem evoluído a associação (número de associados até ao momento, primeiras medidas em agenda, plano de atividade, entre outros)?
JGA: Não sou a pessoa mais indicada para responder a esta questão. No entanto, como presidente da Assembleia Geral da ANPM, tenho observado a intensa atividade da direção na divulgação da Associação, a preocupação de discutir as grandes questões do setor nos locais apropriados e o envolvimento na preparação deste Encontro de Produtores de Mirtilos que se vai realizar na Guarda. O lançamento oficial será neste encontro. A possibilidade de trabalhar temáticas importantes e fundamentais nestes dois dias é fulcral, que trará como previsto, uma dinâmica capaz de envolver todos nesta senda.

 mirtilos

PF: Os produtores de mirtilo têm-se debatido com a escassez de mão-de- -obra. Que possíveis respostas têm surgido para este problema e de que forma a nova associação pode ajudar a solucionar o problema?
JGA: É com toda a certeza uma dificuldade do setor agrícola. No nosso caso, é potenciado pelo facto de ter muitas tarefas manuais. Infelizmente, na minha opinião, os empreendedores neste país caminham sempre muito isolados. A ANPM tem nos seus objetivos retirar o maior número possível de obstáculos do caminho dos seus filiados. As tertúlias em formato clássico como as sessões dos eventos e as reuniões sectoriais são o palco ideal para se trabalhar com sucesso este e outros problemas. 

PF: A fileira tem sentido dificuldades com o período de seca deste verão? Como pode afetar as próximas safras?
JGA: É uma resposta que não sei dar. Daí a necessidade da ANPM ter no futuro um gabinete tecnicamente muito qualificado para nos poder ajudar nestas questões. As boas medidas corretivas e as ações preventivas são fundamentais para todos nós podermos ser mais competitivos. O passo seguinte, na minha opinião, é sermos ambiciosos o suficiente para podermos constituir um observatório.

PF: Além deste, quais são os principais desafios que a cultura do mirtilo enfrenta atualmente, em termos produtivos e comerciais?
JGA: Como qualquer outra atividade nacional, é a qualificação dos recursos humanos e a capacidade de nos unirmos na defesa deste setor a uma voz. Só assim podemos ser competitivos no mundo global.

PF: E onde residem as principais oportunidades comerciais?
JGA: A aposta é no fruto fresco. Temos mirtilo de muito boa qualidade, necessitamos de questionar o modelo comercial atual e intervir no processo de logística (país periférico), para sermos mais competitivos e eficientes.

PF: A procura de mirtilo tem crescido a nível mundial?
JGA: O mercado mundial tem crescido por dois fatores: mais países a descobrirem o benefício deste fruto e as novas gerações a adotarem o mirtilo como alimento essencial na sua alimentação, pelo gosto, pela facilidade de comer e pelos benefícios na saúde.

PF: Como se compara a produção de mirtilo em Portugal, face aos restantes mercados?
JGA: Desde 2012 a produção de mirtilos em Portugal cresceu 700%. Um dos motivos deve-se ao nosso solo e água. O nosso clima é muito adequado e permite- -nos colher ao longo de muitos meses do ano com uma enorme qualidade.

PF: Quais os principais mercados de destino do mirtilo português e como tem vindo a evoluir a exportação? Há novos mercados à vista?
JGA: O norte da Europa e no curto prazo o Oriente, são os mercados referência. É importante não descurar o mercado nacional, pois tem evoluído significativamente. Os consumidores têm aumentado e a quantidade de consumo por pessoa subiu.

PF: O que esperar então desta edição do encontro? Esperam uma boa adesão por parte do setor?
JGA: Temos uma agenda de trabalho muito rica. Um segundo dia com dinâmica e novidades importantes. Um tempo de convívio e espaço para promover uma partilha de conhecimentos, saberes e experiências importantes. Uma noite de gala, espaço de lazer e de reconhecimento. Uma agenda social e turística para quem quiser e puder acompanhar os participantes no encontro de produtores de mirtilos. Muitas razões para estarmos otimistas.

Nota: Artigo publicado na edição impressa do suplemento Pequenos Frutos 28.

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