Crise no setor do leite exige união do setor

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) defende, em comunicado, que a solução da crise no setor só é possível com a união estratégica da produção, indústria e distribuição.

leite

APROLEP considera que «esta crise profunda e persistente só poderá ser ultrapassada se todo o setor leiteiro, produção, indústria e distribuição, for capaz de se unir para definir uma estratégia conjunta para o futuro sustentável da produção de leite em Portugal», refere um comunicado, emitido após uma reunião que a associação teve com o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira.

A reunião surgiu após o anúncio da descida de mais um cêntimo por litro de leite pelas principais cooperativas e outros compradores, situação que preocupou os produtores.

Para a APROLEP, essa estratégia deve passar «pela transformação, valorização do leite, aproveitamento das oportunidades de exportação e partilha do valor com o produtor, através de um preço justo», e deve contar «com o empenho do Governo e de todas as forças políticas para atingir estes objetivos».

«Nos últimos 10 anos, o preço médio do leite em Portugal esteve quase sempre abaixo da média comunitária», refere a associação, acrescentando que os produtores portugueses sofreram um «prejuízo de 421 milhões de euros» comparativamente à média europeia.

O texto manifesta ainda preocupação com «a persistência dos ataques ao leite enquanto alimento, sem base científica, mas com um ativismo permanente na comunicação social e redes sociais que influenciam os cidadãos menos informados».

Na quarta-feira, os deputados do Grupo de Trabalho do Setor Leiteiro defenderam que, no contexto do Portugal 2030, é necessário desenvolver um conceito de «pagamento justo» à produção, indexando-o aos sistemas de financiamento à indústria e à distribuição.

Esta é uma das oito medidas inseridas na proposta de intervenção presente no relatório do Grupo de Trabalho do Setor Leiteiro, a que a Lusa teve acesso.

Em causa, está o facto de os produtores de leite portugueses terem recebido menos 421,5 milhões de euros do que a média dos países da União Europeia (UE), entre 2010 e 2018.

Por ano, os produtores portugueses receberam assim menos 61,5 milhões de euros do que a média dos restantes operadores da UE.

Na proposta do grupo de trabalho inclui-se ainda a coordenação de uma campanha de informação «que alerte para os benefícios do consumo do leite» e derivados, a clarificação da distinção entre o produto leite e outras bebidas, uma ação junto da distribuição, «assegurando uma correta informação ao consumidor, para os produtos lácteos», bem como a promoção de mecanismos facilitadores da livre concorrência do longo de toda a cadeia de valor. 

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